A Venezuela impôs racionamento de energia elétrica nesta semana em seis Estados do oeste do país, num momento em que a antiga rede elétrica do país atingido pela crise sofre de uma seca que tem reduzido níveis de água em reservatórios-chave necessários para funcionamento de geradores hidrelétricos.
As interrupções de quatro horas começaram na quinta-feira. Mas muitos moradores criticaram o anúncio, destacando ironicamente que sofreram com blecautes muito maiores durante a semana passada.
"Nós passamos 14 horas sem eletricidade hoje. E ontem a eletricidade ia e voltava: por seis horas não tivemos energia", disse Lightia Marrero, de 50 anos, no Estado de San Cristóbal, destacando que sua geladeira foi danificada pelas interrupções frequentes.
Infraestruturas antigas e falta de investimento têm atingido a rede de energia da Venezuela há anos. Agora, a situação tem sido exacerbada pela diminuição de chuvas.
Nas cidades mais afetadas, comércios estão praticamente suspensos, em um momento em que o país de 30 milhões de habitantes já sofre com uma hiperinflação e uma profunda recessão. Muitos venezuelanos não conseguem comer corretamente com salários de somente alguns dólares por mês na taxa de câmbio do mercado negro, provocando desnutrição, imigração e fazendo com que seja frequente ver muitos venezuelanos revirarem lixos ou pedirem esmolas na frente de supermercados.
Maybelin Mendoza, caixa em uma padaria no Estado de Tachira, disse que comércios foram ainda mais atingidos porque pontos de venda pararam de funcionar durante blecautes - e também porque venezuelanos estão cronicamente sem dinheiro por conta da hiperinflação.
Em casos mais dramáticos, a governadora opositora do Estado de Tachira, Laidy Gómez, disse que três pessoas, incluindo um bebê de quatro meses, morreram nesta semana porque não conseguiram receber assistência por conta de uma falta de energia.