O candidato à Presidência do Equador Fernando Villavicencio fez um discurso "premonitório" antes de ser morto com três tiros na cabeça, nesta quarta-feira, 9. Ele foi atingido quando saía de um comício em uma escola em Quito, a apenas 11 dias da eleição.
Durante um discurso na cidade de Chones, poucas horas antes do ataque, Villavicencio contou que havia recebido a sugestão de usar um colete à prova de balas. No entanto, ele revelou ter recusado essa proteção, porque o apoio da população seria sua defesa.
"Não preciso [de colete]. Vocês são um povo valente, e eu sou valente como vocês. Vocês são aqueles que cuidam de mim. Venham, aqui estou. Disseram que iriam me quebrar, aqui está Don Villa [apelido de Villavicencio]. Que venham os chefões do narcotráfico, venham! Que venham os atiradores, que venham os milicianos! Acabou-se o tempo da ameaça. Aqui estou eu. Podem me dobrar, mas nunca vão me quebrar", afirmou o candidato durante comício.
Em uma entrevista à agência Efe em maio, logo após anunciar sua candidatura à presidência, Villavicencio disse que queria se tornar presidente para "enfrentar e derrotar máfias que cooptaram o Estado e colocaram a sociedade de joelhos". Não à toa, seu lema na campanha era "É hora dos corajosos". Villavicencio aparecia entre a quarta e quinta posição nas pesquisas eleitorais.
De acordo com as autoridades equatorianas, um dos indivíduos suspeitos do crime foi morto em um tiroteio com a polícia. Até o momento, seis suspeitos foram detidos em relação a esse incidente.
Facção assume autoria do crime
A facção criminosa 'Los Lobos', considerada a segunda maior do Equador, assumiu a autoria do assassinato de Fernando Villavicencio. Em um vídeo publicado na rede social X, antigo Twitter, nesta quinta-feira, 10, homens encapuzados que dizem pertencer ao grupo acusaram Villavicencio de não cumprir suas promessas.
"Queremos deixar claro para toda nação equatoriana que cada vez que políticos corruptos não cumprirem com suas promessas antes estabelecidas, quando receberem nosso dinheiro – que são milhões de dólares –, para financiar suas campanhas, serão executados", diz um dos homens.