Há quase seis anos, o voo MH17 da Malaysia Airlines, de Amsterdã para Kuala Lumpur, passava sobre a Ucrânia, mergulhada em conflito, quando desapareceu do radar.
Um míssil atingiu o avião e 298 pessoas morreram, incluindo 80 crianças, em 17 de julho de 2014.
Entre as vítimas, estavam o sobrinho, o irmão e a cunhada de Piet Ploeg, que foi entrevistado pela BBC quase seis anos após o desastre.
"A lista das partes do corpo que eu recebi do instituto forense sobre o que foi encontrado do meu sobrinho é realmente terrível. O corpo do meu sobrinho veio em 80 pedaços. Não consigo descrever", diz Ploeg.
"Ele queria ser um desenvolvedor de jogos. Ele era um verdadeiro nerd. Tinha uma vida toda pela frente, mas isso foi interrompido de uma maneira horrível."
O irmão de Piet Ploeg, Alex, é um dos dois passageiros cujos corpos (ou parte deles) nunca foram encontrados.
"Tem imagem do meu irmão andando até o portão de embarque com a esposa dele, então sabemos que ele estava lá, mas nada foi encontrado. Quase seis anos depois e nada foi encontrado. Sem partes do corpo, sem bagagem, como se ele nunca tivesse existido."
Separatistas pró-Rússia
O avião caiu depois de ser atingido por um míssil Buk de fabricação russa no leste da Ucrânia, segundo apontou em 2015 uma investigação realizada pelo Conselho de Segurança da Holanda (DSB, na sigla em inglês).
Em setembro de 2016, uma equipe internacional de investigadores criminais disse que as provas mostravam que o míssil Buk foi levado de território russo e disparado de um campo controlado por separatistas apoiados pela Rússia.
A equipe de investigação apontou quatro homens que supostamente estavam envolvidos em levar o míssil para a área no leste da Ucrânia e os acusou pelos assassinatos de 298 passageiros e tripulantes.
O julgamento do caso, na Holanda, teve início nesta segunda-feira (09/03), e ocorrerá sem a presença dos réus. A Rússia não extradita seus cidadãos.
Os quatro acusados (três russos e um ucraniano) são Igor Girkin, Sergei Dubinsky, Oleg Pulatov e Leonid Kharchenko. Os promotores apontam que eles são responsáveis em conjunto pelo ataque porque "cooperaram para obter e implantar" o lançador de mísseis Buk para derrubar a aeronave.
Piet Ploeg diz que não espera que eles cumpram pena se condenados por assassinato, mas diz que o julgamento é importante para ele e para muitos outros parentes, porque é a única forma de desvendar "a verdade".
"O mais importante é saber o que aconteceu, por que aconteceu e quem são os responsáveis. Eles não vão cumprir sentença na prisão. É um fato e temos de lidar com isso. Mas mais importante é que a gente saiba e que o mundo saiba o que aconteceu."
Autoridades russas e rebeldes apoiados pela Rússia negam acusações de envolvimento. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que a investigação é "parcial e foi politizada".
A empresa russa que fabrica mísseis Buk disse que o modelo do dispositivo havia deixado de ser usado pelas forças russas e disse que sua própria investigação mostrou que havia sido disparado de um território controlado pela Ucrânia.
O desastre levou à morte cidadãos de 10 países. A maior parte das vítimas era holandesa (193 pessoas). Outras vítimas eram da Malásia, Austrália, Indonésia, Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Filipinas, Canadá e Nova Zelândia.