Um dia após ter discursado para o Congresso dos Estados Unidos, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, falou nesta quinta-feira (17) ao Parlamento da Alemanha e voltou a cobrar mais ajuda para combater a invasão promovida pela Rússia.
Assim como recordara aos congressistas americanos o bombardeio de Pearl Harbor e os atentados de 11 de setembro, Zelensky voltou a adaptar o discurso para a plateia e lembrou das cidades alemãs destruídas "80 anos atrás" e das "tantas pessoas assassinadas e torturadas" na Segunda Guerra Mundial.
"É difícil sobreviver sem o apoio do mundo, é difícil, sem sua ajuda, defender a Ucrânia e a Europa, sem que vocês façam aquilo que podem fazer", afirmou o presidente. De acordo com Zelensky, cada bomba jogada pela Rússia fortalece o "muro" entre a Ucrânia e a Europa.
"Chanceler [Olaf] Scholz, derrube esse muro, mostre a liderança que a Alemanha merece, e seus sucessores terão orgulho de você. Apoie os ucranianos e nos ajude a parar essa guerra", acrescentou. Em seguida, o mandatário acusou a Alemanha de hesitar sobre a entrada de Kiev na União Europeia. "É mais uma pedra no muro. Percebemos que vocês pensam em economia, economia, economia", afirmou.
O presidente ainda pediu novas sanções contra o regime de Vladimir Putin, como a exclusão total da Rússia do Swift, plataforma de troca de informações entre bancos do mundo todo, e o embargo a produtos de energia.
Após o discurso, o chanceler Scholz deu uma coletiva de imprensa e reconheceu que as palavras de Zelensky causaram uma "forte impressão", mas descartou um envolvimento direto na guerra. "A Alemanha dá sua contribuição e continuará dando, mas uma coisa é clara: a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] não entrará nesse conflito", disse.
A aliança militar já rejeitou os pedidos da Ucrânia para estabelecer uma zona de exclusão aérea contra os bombardeios russos, uma vez que isso poderia colocá-la em confronto direto com Moscou. Zelensky ainda cobra a doação de aviões militares pelo Ocidente, mas essa medida também poderia ser considerada pelo Kremlin como um envolvimento direto.