As campanhas sobre o futuro do Reino Unido na União Europeia (UE) foram retomadas neste domingo (19), após três dias de pausa na sequência da morte da deputada Jo Cox, contrária ao Brexit (saída do país do bloco). Às vésperas do referendo sobre o assunto, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que o país está diante de uma "escolha existencial" e que "não há como voltar atrás" depois dela.
O premiê, que lidera a campanha pela permanência do Reino Unido no bloco europeu, afirmou que o comércio e os investimentos devem ser abalados caso se decida pelo Brexit na votação marcada para este dia 23. Ele alertou que uma "provável recessão" deixaria o país "permanentemente mais pobre".
"Se você não tem certeza, não assuma o risco de sair [da UE]. Se você não sabe, não vá [votar]", escreveu Cameron no jornal The Sunday Telegraph. "Se saíssemos, e logo isso se revelasse como um grande erro, não haveria uma maneira de mudar de ideia e ter outra chance", alertou.
Eleitorado dividido
Duas pesquisas de opinião divulgadas neste sábado apontaram o "Remain" (permanência na UE) recuperando força, mas o cenário geral é de um eleitorado dividido. Com apenas mais cinco dias para angariar votos, ambos os lados retomaram as campanhas com entrevistas e artigos em jornais, reacendo o debate sobre imigração versus economia.
Michael Gove, porta-voz da campainha pelo "Leave" (saída da UE), afirmou que, na realidade, o Brexit seria positivo para a economia britânica. "Não acredito que sair da União Europeia pioraria nossa posição econômica, acho que melhoraria", disse em entrevista ao The Sunday Telegraph.
Tanto Gove quanto Cameron elogiaram Cox, defensora da permanência do Reino Unido na UE, que foi esfaqueada e levou dois tiros na última quinta-feira. A morte da deputada chocou o país e levantou dúvidas sobre o tom da campanha sobre o Brexit. Um homem de 52 anos, acusado do assassinato, compareceu a um tribunal de Londres neste sábado.
Ao tabloide Mail on Sunday, o ministro das Finanças britânico, George Osborne, disse estar confiante de que o que resta do debate pré-referendo possa ser feito num tom menos divisório. "Tenhamos menos retóricas incendiárias e discursos sem fundamento, e mais fatos e argumentos sustentados", pediu.
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