Não há evidência de que petista assassinado e bolsonarista tinham 'rixa antiga'

12 jul 2022 - 18h51
(atualizado às 19h06)

Não há nenhuma evidência de que o guarda municipal e dirigente petista Marcelo Aloizio de Arruda, morto no domingo (10), e Jorge José da Rocha Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) que atirou contra Arruda, se conheciam e tinham uma "rixa" antiga em Foz do Iguaçu (PR), conforme é dito nas redes sociais (veja aqui). O secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, e familiares dos dois homens afirmam que eles não se conheciam.

A desinformação conta com 4.503 compartilhamentos no Facebook, centenas de interações no Instagram e 1.500 retuites no Twitter nesta terça-feira (12). O conteúdo também tem sido disseminado em grupos do Telegram.

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Os fatos como aconteceram. Os envolvidos já tinham rixa antiga!
Postagem cita que petista morto em Foz do Iguaçu tinha conflito antigo com o assassino
Postagem cita que petista morto em Foz do Iguaçu tinha conflito antigo com o assassino
Foto: Aos Fatos

Postagens nas redes sociais enganam ao afirmar que o guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda e o seu assassino, o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, se conheciam e tinham uma "rixa" antiga. O secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, a mãe de Guaranho e as esposas de Arruda e Guaranho dizem que os homens não se conheciam.

Arruda, que era tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu e foi candidato a vice-prefeito pelo partido em 2020, comemorava o aniversário de 50 anos no sábado (9) em uma festa com a temática do PT e do pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva, quando Guaranho invadiu gritando: "Aqui é Bolsonaro!". Após uma discussão com Arruda, o policial penal foi embora, mas voltou e atirou contra o aniversariante, que revidou. Arruda morreu na madrugada de domingo (10), e Guaranho segue internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Ainda no domingo, a policial civil Pâmela Suelen Silva, viúva de Arruda, disse ao site Metrópoles que o marido não conhecia Guaranho. "Eles não se conheciam. A gente não sabe quem é essa pessoa. Eu só sei que ele é um louco e que acabou com a nossa família. É isso que eu sei", afirmou.

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No dia seguinte (11), a mãe de Guaranho, a comerciante Dalvalice Rosa, falou ao UOL que o filho e Arruda não se conheciam. "Estamos sem chão. O que aconteceu tem a ver com extremismo e intolerância política. Eles não se conheciam, e nada mais explica essa tragédia", declarou ao site. Convidados da festa de Arruda também comentaram que não havia relação anterior entre os envolvidos no caso.

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As declarações das duas mulheres e dos convidados foram reforçadas pelo secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, em entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews, na tarde de segunda-feira. "Não existe, até o momento, nenhuma informação, nenhum dado sequer de que os dois tenham tido algum contato anterior. O que se tem até o momento, é que, realmente, a coisa aconteceu naquele momento, daquela forma que as imagens mostram, mas isso vai ser atestado ao final da investigação", comentou.

O promotor de Justiça Tiago Lisboa Mendonça disse nesta terça-feira (12) que a esposa de Guaranho afirmou em depoimento que ela e o marido não conheciam Arruda ou qualquer integrante da família do guarda municipal.

A Secretária de Segurança Pública paranaense confirmou ao Aos Fatos que não há indício de que os dois homens se conheciam antes da noite do crime. A Polícia Cívil do Paraná escutou oito testemunhas até a manhã desta terça-feira (12) e pretende concluir o inquérito ainda este mês.

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Referências:

1. G1 (Fontes 1, 2 e 3)

2. Metrópoles

3. UOL

4. Revista Piauí

5. Twitter Andreia Sadi

6. Folha de S. Paulo

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