Novas chances para profissionais estrangeiros na Alemanha

18 fev 2020 - 13h25
(atualizado às 13h49)

Centro de assistência recém-inaugurado vai ajudar imigrantes, desde reconhecimento de diplomas à busca de um posto de trabalho. Escassez de trabalhadores qualificados é apontada como o maior risco para a economia alemã.Embora o grande afluxo de refugiados tenha diminuído nos últimos anos, muitos ainda sonham em vir para a Alemanha. Mas nem todos são igualmente bem-vindos no país.

Maior risco para economia é falta de mão de obra qualificada, diz Câmara de Comércio e Indústria da Alemanha
Maior risco para economia é falta de mão de obra qualificada, diz Câmara de Comércio e Indústria da Alemanha
Foto: DW / Deutsche Welle

Por um lado, a Alemanha lança campanhas em algumas partes do mundo para impedir que os cidadãos deixem seu país de origem, por outro, está à procura de migrantes de Estados não pertencentes à UE, mais precisamente: de especialistas com diploma universitário ou formação profissional.

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"Sem especialistas estrangeiros, não conseguiremos manter nosso nível de vida na Alemanha", aponta o ministro alemão do Trabalho, Hubertus Heil. "Precisamos de gente de fora. Não podemos simplesmente esperar que eles venham, mas também temos que atraí-los".

Atualmente muita coisa está sendo feita nesse sentido: o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, viajou para o Sudeste Asiático, México e Kosovo a fim de recrutar pessoal de cuidados e enfermagem. E o ministro do Trabalho Heil trabalhou junto a seus colegas de gabinete por uma nova lei de imigração para profissionais qualificados, a entrar em vigor em 1º de março.

Lei de imigração para trabalhadores qualificados

Essa lei visa acelerar os procedimentos de visto e melhorar as oportunidades para trabalhadores qualificados aprenderem alemão. Paralelamente a isso, a Central de Assistência ao Reconhecimento e Validação Profissional (ZSBA)

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foi inaugurada em Bonn nesta segunda-feira (17/02). A regra geral é: quem quiser ser bem-sucedido no mercado de trabalho alemão deve possuir qualificação profissional ou diploma universitário.

Na ocasião estiveram presentes ministro Heil, e sua colega da pasta de Educação, Anja Karliczek. Segundo ela, quem está interessado em vir para a Alemanha tem muitas perguntas: "Onde encontrar boas oportunidades de emprego no país? Meu diploma pode ser reconhecido? Onde posso requerer o reconhecimento? Quais documentos são necessários? Como achar um emprego?"

Desde o início de fevereiro, a equipe do novo centro de serviço está disponível para responder a essas perguntas. A central de serviço pode ser contatada por e-mail, telefone ou via chat. Os funcionários da ZSBA também auxiliam na compilação dos documentos necessários para o órgão de certificação responsável, informam sobre as ofertas regionais de consulta e qualificação, além de ajudar na busca de um posto de trabalho.

Quem é responsável por o quê?

Atualmente, saber quem é o responsável por determinada tarefa na validação de diplomas não é fácil para os aproximadamente 20 funcionários do novo centro, já que na Alemanha existem mais de 1.400 locais responsáveis pelo reconhecimento de qualificações profissionais.

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Alguns dos regulamentos também diferem de estado para estado. Para um estrangeiro com pouco conhecimento de alemão, trata-se de uma selva burocrática quase impenetrável. Para Karliczek, atualmente a Alemanha não pode mais se dar ao luxo de ter regulamentos tão confusos, pois a escassez de trabalhadores qualificados se tornou realmente entrave ao crescimento para alguns setores industriais.

"Só com habitantes do país, não conseguiremos dar conta da escassez de trabalhadores qualificados", alertou a ministra da Educação. E basta considerar a tendência demográfica: "Precisamos de especialistas do exterior." Além disso, a Alemanha também compete por talentos com outros países, já que não é o único onde a sociedade está envelhecendo e há falta de mão de obra.

Imigração ainda não tão desejada

Na história da Alemanha houve repetidas ondas de imigração que foram bem-vindas. Já nas décadas de 1950 e 1960, foram contratados os assim chamados gastarbeiter (trabalhadores convidados) do sul da Europa. Muitos que vieram temporariamente para trabalhar acabaram ficando.

Na virada do milênio, o então chanceler federal Gerhard Schröder iniciou uma espécie de "Green Card" alemão para profissionais de TI. Naquela época, havia um grande medo de que trabalhadores estrangeiros lotassem a Alemanha. Os sindicatos alertaram que os salários poderiam cair devido ao afluxo de profissionais. No final, não houve tantos candidatos quanto previsto, e as empresas tampouco recorreram à medida conforme o esperado.

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Em 2012, o "Green Card" foi substituído pelo "Blue Card", a fim de proporcionar a especialistas fora da área de TI acesso ao mercado de trabalho alemão. O "Blue Card" tampouco provocou uma "corrida à Alemanha".

O ministro do Trabalho Heil alerta agora contra expectativas exageradas: "Temos que fazer todos os esforços para atrair as pessoas certas que queremos trazer para a Alemanha. Elas não vão vir aos montes."

Oferta doméstica também deve ser aproveitada

Comparada a outros países de imigrantes, como EUA, Canadá, Reino Unido ou Austrália, a Alemanha tem a desvantagem de seu idioma ser um obstáculo para potenciais empregados. Para que a burocracia alemã não afaste estrangeiros, o novo centro de serviços deve garantir que os procedimentos se tornem mais rápidos, mais transparentes e uniformes, anunciou Karliczek.

Hubertus Heil, também afirma querer combater a escassez de trabalhadores qualificados na Alemanha, não apenas atraindo mão de obra estrangeira, pois existe muito potencial inexplorado na Alemanha. Todos os anos, 50 mil jovens deixam a escola sem um diploma. Além disso, cerca de 1,6 milhão de jovens entre 20 e 30 anos de idade não possuem formação profissional inicial. Outro tópico é a proporção de mulheres no mercado de trabalho.

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A escassez de trabalhadores qualificados continua sendo o maior risco para a economia da Alemanha, segundo pesquisa da Câmara de Comércio e Indústria Alemã (DIHK). Os piores gargalos de mão de obra são nas áreas de engenharia elétrica, metalurgia e mecatrônica; assim como para cozinheiros, enfermeiras e cuidadoras de idosos, cientistas da computação e programadores de software.

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