BRASÍLIA - Nomeado como novo secretário de comunicação do governo, o empresário Fábio Wajngarten chega com a missão de aconselhar Jair Bolsonaro sobre como melhorar suas interações com a imprensa. A avaliação é de que o presidente deve manter a estratégia nas redes sociais, mas precisa aprimorar também suas declarações em eventos oficiais, evitando deslizes no contato com os veículos de comunicação tradicionais. Nos últimos dias, o presidente já tem aumentado o contato com a imprensa.
Apesar de ter sido oficializado no cargo somente nesta sexta-feira, 12, Wajngarten vinha se dedicando à função há dias e já despachava do Palácio do Planalto. Ele fez parte da comitiva do presidente na viagem a Israel e, no evento de comemoração dos cem dias de governo, na quinta-feira, circulava entre os ministros.
A decisão de convocar o empresário ao posto foi tomada por Bolsonaro no fim do mês passado. Pessoas próximas ao presidente reclamavam da desorganização, dos muitos erros nas peças publicitárias do governo e da falta de estratégia na área. Antecessor de Wajngarten, Floriano Amorim também não gostava de receber jornalistas e costumava aconselhar integrantes do governo a não falar com a imprensa.
Wajngarten, que conhecia Bolsonaro há alguns anos, tem perfil oposto e já vinha atuando informalmente na aproximação dele com executivos de emissoras como Record, Rede TV! e SBT. Sua rede de contatos no setor vem de longe. Ele trouxe ao Brasil o serviço de medição de audiência televisiva da alemã GFK e fundou uma empresa para atuar no segmento, a Controle da Concorrência.
A amizade com Bolsonaro começou em fevereiro de 2016, quando participou de jantar na casa de Meyer Nigri, da construtora Tecnisa, de quem Wajngarten é amigo de infância.
Os contatos seguiram e Wajngarten se engajou na campanha. Em agosto, reuniu em sua casa Bolsonaro e cerca de 60 empresários. Conseguiu apoios importantes, como de Sebastião Bomfim, da Centauro, de Flávio Rocha, da Riachuelo, e de Salim Mattar, da Localiza - hoje também no governo.
Tornou-se aliado fiel de Bolsonaro, com quem trocava mensagens e falava com frequência ao telefone. Fazia parte do grupo que advogava pela profissionalização da campanha, com investimentos em peças publicitárias, e tentava convencer Bolsonaro a aceitar doações de apoiadores. Foi voto vencido na ocasião. Bolsonaro argumentava que a nova comunicação, via redes sociais e WhatsApp, bastaria para que fosse eleito. Agora, convocado ao governo, tem a tarefa de levar ao Planalto o jeito tradicional de se comunicar.