Número de mortos na guerra de Gaza provavelmente está subestimado, diz estudo

9 jan 2025 - 21h02

Uma contagem oficial palestina de mortes diretas na guerra entre Israel e o Hamas provavelmente subestimou o número de vítimas em 41% até meados de 2024, à medida que a infraestrutura de saúde da Faixa de Gaza se desintegrava, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira.

A análise estatística revisada por pares publicada na revista The Lancet foi conduzida por acadêmicos da London School of Hygiene and Tropical Medicine, da Universidade de Yale e de outras instituições.

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Usando um método estatístico chamado análise de captura-recaptura, os pesquisadores procuraram avaliar o número de mortes causadas pela campanha aérea e terrestre de Israel em Gaza nos primeiros nove meses da guerra, entre outubro de 2023 e o final de junho de 2024.

Eles estimaram 64.260 mortes devido a lesões traumáticas durante esse período, cerca de 41% a mais do que a contagem oficial do Ministério da Saúde palestino. O estudo disse que 59,1% eram mulheres, crianças e pessoas com mais de 65 anos. Ele não forneceu uma estimativa de combatentes palestinos entre os mortos.

De acordo com as autoridades de saúde palestinas, mais de 46.000 pessoas foram mortas na guerra de Gaza, .

A guerra começou em 7 de outubro, depois que homens armados do Hamas atravessaram a fronteira com Israel, matando 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, de acordo com os registros israelenses.

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O estudo da Lancet disse que a capacidade do Ministério da Saúde palestino de manter registros eletrônicos de óbitos havia se mostrado confiável anteriormente, mas se deteriorou durante a campanha militar de Israel, que incluiu ataques a hospitais e outras instalações de saúde e interrupções nas comunicações digitais.

Israel afirma que se esforça ao máximo para evitar a morte de civis e acusa o Hamas de usar hospitais como cobertura para suas operações, o que o grupo militante nega.

MÉTODO DE ESTUDO EMPREGADO EM OUTROS CONFLITOS

Relatos informais sugeriram que um número significativo de mortos permaneceu enterrado nos escombros de edifícios destruídos e, portanto, não foi incluído em algumas contagens.

Para melhor considerar essas lacunas, o estudo da Lancet empregou um método utilizado para avaliar as mortes em outras zonas de conflito, incluindo Kosovo e Sudão.

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Usando dados de pelo menos duas fontes independentes, os pesquisadores procuram indivíduos que aparecem em várias listas de mortos. Menos sobreposição entre as listas sugere que mais mortes não foram registradas, informação que pode ser usada para estimar o número total de mortes.

Para o estudo de Gaza, os pesquisadores compararam a contagem oficial de mortes do Ministério da Saúde palestino, que nos primeiros meses de guerra se baseava inteiramente nos corpos que chegavam aos hospitais, mas que depois passou a incluir outros métodos; uma pesquisa online distribuída pelo Ministério da Saúde aos palestinos dentro e fora da Faixa de Gaza, que foram solicitados a fornecer dados sobre números de identidade palestinos, nomes, idade na morte, sexo, local da morte e fonte de notificação; e obituários publicados nas mídias sociais.

"Nossa pesquisa revela uma dura realidade: a verdadeira escala de mortes por lesões traumáticas em Gaza é maior do que a relatada", disse a autora principal Zeina Jamaluddine à Reuters.

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