O que diz o relatório do MP que acusa Cláudio Castro de gastos ilícitos em eleições?

A investigação encontrou uma mulher que teria recebido mais de R$ 2,5 milhões do fundo eleitoral, mas nega ter trabalhado para a campanha

24 jun 2024 - 20h42
(atualizado às 20h48)
Defesa de Castro chama acusações de "equivocadas"
Defesa de Castro chama acusações de "equivocadas"
Foto: X/Reprodução / Perfil Brasil

Um relatório recente do Ministério Público Eleitoral (MPE) revelou gastos ilícitos durante a campanha de reeleição de Cláudio Castro (PL) ao governo do Rio em 2022. Em resposta, o governador classificou as informações do MPE como "equivocadas" e destacou que suas contas foram aprovadas.

A investigação da GloboNews encontrou uma mulher que teria recebido mais de R$ 2,5 milhões do fundo eleitoral, mas nega ter trabalhado para a campanha. Lúcia Helena Siqueira Lopes de Jesus, de 65 anos, sem histórico de trabalho registrado, tornou-se sócia e administradora da empresa Cinqloc Empreendimentos antes das eleições de 2022 e assinou um contrato com a campanha de Castro.

A Cinqloc foi contratada para recrutar e selecionar cabos eleitorais, coordenadores, motoristas, copeiras, recepcionistas e secretárias. No entanto, o endereço da empresa em Duque de Caxias levantou suspeitas da Procuradoria Eleitoral.

Cláudio Castro foi reeleito no primeiro turno com quase 60% dos votos. A campanha declarou gastos de quase R$ 5 milhões com cabos eleitorais e outros funcionários contratados pela Cinqloc. No final de 2022, a Procuradoria Eleitoral acusou Castro e o vice-governador Thiago Pampolha de gastos ilícitos e pediu a cassação da chapa, apontando irregularidades nos pagamentos e falta de capacidade operacional das empresas contratadas.

A Justiça Eleitoral determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal de seis empresas que receberam juntas R$ 10 milhões do fundo eleitoral. O primeiro relatório sobre a quebra de sigilo bancário revelou 14 transferências entre a Cinqloc e Lúcia Helena Siqueira Lopes de Jesus, somando cerca de R$ 2,6 milhões.

Repercussões e defesas

Lúcia Helena, abordada pela reportagem, não soube explicar o contrato com a campanha e admitiu que a nora, Evandreza Henrique da Silva, lidava com os assuntos da empresa. Evandreza, ex-sócia da Cinqloc e candidata não eleita a deputada estadual, também não conseguiu justificar os serviços prestados pela Cinqloc.

A investigação do MPE também revelou que a Cinqloc repassou quase R$ 2,6 milhões para a empresa P5 Soluções durante o período eleitoral. Rafael Thompson, ex-secretário de governo de Castro, e Mauro Farias, atual secretário estadual de Transformação Digital, foram associados à P5 Soluções.

A defesa de Cláudio Castro afirmou confiar na decisão da justiça eleitoral, que aprovou as contas da campanha em dezembro de 2022, e que a Cinqloc já apresentou documentos comprovando a movimentação financeira. A defesa da Cinqloc negou repasses para Lúcia Helena e a P5 Soluções. Thiago Pampolha, vice-governador, afirmou que entrou na chapa pouco antes das eleições e não cometeu nenhum ato ilegal. Farias e Thompson declararam que não têm mais ligação com a P5 Soluções desde 2017.

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