O que é o G20? Quando acontece? Quais líderes mundiais participarão do evento no Rio?

Saiba tudo sobre a cúpula, que será realizada pela primeira vez no Brasil, nos dias 18 e 19 de novembro

15 nov 2024 - 05h00
Cúpula do G20 acontecerá nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio
Cúpula do G20 acontecerá nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio
Foto: Pedro Kirilos/Estadão / Estadão

No Rio de Janeiro, só se fala nisso. Nos noticiários, todos os dias têm atualizações sobre o evento antes mesmo de começar. Até na orla mais famosa do Brasil, em Ipanema, placas estampam a frase: Rio, a capital do G20. Mas afinal, o que é o G20 e porque ele vai mudar tanto a operação na capital fluminense?

O Brasil receberá, pela primeira vez, representantes das principais economias do mundo no Fórum Internacional do G20, para discutir questões econômicas globais, como os efeitos das mudanças climáticas. A Cúpula dos Líderes acontece entre os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.

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No entanto, antes mesmo da reunião de Cúpula, uma programação extensa tomará conta da capital fluminense de quinta-feira, 14, a terça-feira, 19. Eventos como o G20 Social, G20 Talks e a Aliança Global Festival, com shows de artistas nacionais, ocorrerão na cidade. 

Mas quais são os líderes de Estado confirmados? O que será definido na reunião? O G20 vai impactar o trânsito na cidade? É mesmo feriado no Rio de Janeiro? O Terra reuniu todas as informações que você precisa saber sobre o G20.

Mauricio Lyrio, sherpa do Brasil para o G20
Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

O que é o G20?

O nome é uma forma mais simples de chamar o "Grupo dos Vinte", criado em setembro de 1999 para funcionar como um fórum de cooperação internacional. O intuito do G20 é debater alternativas que ajudem a fortalecer a economia internacional e o desenvolvimento socioeconômico global das nações que fazem parte do "clube".

Para se ter uma noção do impacto do evento, o grupo responde por cerca de 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e 2/3 da população mundial.

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Quais países fazem parte?

Além do Brasil, outras 18 nações fazem parte do G20. São elas: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia. A União Africana e a União Europeia também estão na lista do grupo. 

Quais líderes já confirmaram presença no evento?

Lula, presidente da República, é o 'anfitrião' do G20 2024
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

O anfitrião do evento é o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Porém, outros líderes mundiais já confirmaram presença no G20 Rio. De saída da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, virá pessoalmente ao encontro em território brasileiro. 

Além de Biden e Lula, quem confirmou presença foi Xi Jinping, líder da China. A nova presidente do México, Claudia Sheinbaum, também estará na cúpula. O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, é mais um na lista de confirmados. 

Entre os convidados que ainda não confirmaram oficialmente a vinda, estão o presidente da Argentina, Javier Milei, o presidente do Canadá, Justin Trudeau, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz. 

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Putin estará no G20?

Apesar de a Rússia fazer parte do grupo, o presidente Vladimir Putin não virá ao Brasil. Os russos serão representados no evento pelo ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov

A decisão de Putin foi anunciada em outubro, depois que o procurador-geral da Ucrânia pediu às autoridades brasileiras que cumprissem o mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional em março de 2023, caso ele comparecesse ao evento.

Por que a Cúpula é tão importante?

Ao longo de todo o ano, o G20 se reúne para discutir e negociar acordos. Porém, essas decisões só serão assinadas no último dia da reunião entre os chefes de Estado ou de Governo dos países membros.

Esse encontro é chamado de Cúpula, o 'dia D' do evento. O termo, aliás, é uma referência à palavra Summit, que em inglês significa cume, o ponto mais alto de uma montanha.

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Ou seja, as potências mundiais discutem durante todo o ano, em mais de 100 reuniões, para chegar a esse 'ápice' durante a Cúpula, quando os acordos serão finalmente assinados. 

Por que o G20 vai ser no Brasil?

Evento gera operação especial e 'feriadão' no Rio
Foto: Agência Brasil

Não há uma sede fixa do grupo. Todo ano, um país-membro é escolhido para presidir as reuniões do G20 e, em 2024, foi a vez do Brasil. O País assumiu o compromisso oficialmente em dezembro de 2023, em um mandato que se encerrará em 30 de novembro deste ano. 

Essa é a primeira vez que o Brasil ocupa essa posição na história do grupo no formato atual. Quando assumiu o compromisso, o presidente Lula definiu o encontro como "o mais importante evento internacional que nós iremos organizar". 

O que será definido no G20?

Além de receber os líderes de Estado, presidir o G20 é importante para o país-sede, que fica encarregado de organizar a cúpula e definir os temas para discussão.

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À frente do grupo, o Brasil decidiu priorizar três temas para discussão: 

  • Combate à fome, à desigualdade e à pobreza, com o lançamnto da Aliança Global Contra a Fome;
  • Enfrentamento às mudanças climáticas e criação de políticas de sustentabilidade com uma transição energética justa;
  • Nova governança global, visando aumentar a representatividade de países emergentes em órgãos como a Organização das Nações Unidas (ONU)

Um pedido de paz, em referência aos conflitos como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, também foi acrescentado ao documento.

No entanto, vale ressaltar que o G20 não aprova leis. Os membros saem da Cúpula com compromissos firmados em políticas econômicas, sociais e de governo.

Onde foram as outras cúpulas?

  • 2008: Washington, Estados Unidos
  • 2009: Londres, Reino Unido
  • 2009: Pittsburgh, Estados Unidos
  • 2010: Toronto, Canadá
  • 2010: Seul, Coreia do Sul
  • 2011: Cannes, França
  • 2012, Los Cabos, México
  • 2013: São Petersburgo, Rússia
  • 2014: Brisbane, Austrália
  • 2015: Antália, Turquia
  • 2016: Hangzhou, China
  • 2017: Hamburgo, Alemanha
  • 2018: Buenos Aires, Argentina
  • 2019: Osaka, Japão
  • 2020: Riad, Arábia Saudita
  • 2021: Roma, Itália
  • 2022: Bali, Indonésia
  • 2023: Nova Déli, Índia
  • 2024: Rio de Janeiro, Brasil

Em que local do Rio acontecerá a Cúpula?

MAM Rio receberá Cúpula do G20
Foto: Agência Brasil

A reunião com os principais chefes de Estado do mundo acontece no Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O local foi reformado por R$32 milhões, conforme a Prefeitura do Rio. 

Quais eventos do G20 poderei ir?

A reunião principal é apenas para chefes de Estado, mas os cidadãos do mundo inteiro estão convidados para a Cúpula do G20 Social, que acontece entre os dias 14 e 16 nos armazéns do Porto Maravilha (Espaço Kobra, Armazém 2, Armazém 3, Armazém Utopia e Museu do Amanhã), na Zona Portuária do Rio. 

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O evento funciona como uma extensão do G20, mas com foco em questões sociais, de sustentablidade e inclusão e contará com a presença de Lula e outras autoridades. A programação inclui 271 atividades.

O G20 também terá um festival de música próprio e gratuito entre os dias 14 e 16, na Praça Mauá, no Centro. A Aliança Global Festival já confirmou o show de artistas como Seu Jorge, Ney Matogrosso, Fafá de Belém, Zeca Pagodinho, Diogo Nogueira, Alceu Valença e Maria Rita. 

Na mesma data, também ocorrerá o CRIA20. Direto do Píer Mauá, o evento vai conectar criadores digitais, ativistas sociais e comunicadores brasileiros para discutir os temas em pauta no fórum internacional. A presença do influenciador Felipe Neto e até mesmo uma oficina de criação de TikTok fazem parte da programação. Os ingressos gratuitos podem ser retirados aqui

Festival de música ocorrerá na Praça Mauá, no centro
Foto: Agência Brasil

Vai ter 'feriadão' no Rio durante o G20?

Como parte do plano operacional da Prefeitura do Rio de Janeiro, foi decretado feriado municipal nos dias 18 e 19 de novembro. O prefeito Eduardo Paes explicou que a medida tem o intuito de melhorar o fluxo no trânsito da cidade durante os dias em que a capital fluminense receberá as autoridades mundiais.

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Pouco antes, na sexta-feira, 15, os cariocas também aproveitarão o feriado do Dia da Proclamação da República. Na quarta-feira, 20, o Dia da Consciência Negra também é feriado na cidade. Por isso, alguns trabalhadores cariocas podem "curtir" um 'megaferiadão' de seis dias consecutivos.

Os órgãos públicos não funcionarão e os bancos também devem fechar neste período. Porém, os feriados extraordinários do G20 não valem para todos os serviços. A decisão não inclui: 

  • Comércio de rua;
  • Bares e restaurantes;
  • Padarias;
  • Hotéis, hospedarias e pousadas;
  • Centros, galerias comerciais e shopping centers;
  • Estabelecimentos culturais, como teatros, cinemas e bibliotecas;
  • Pontos turísticos;
  • Empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de imagens, bem como empresas programadoras e de produção de televisão por assinatura;
  • Indústrias localizadas nas Áreas de Planejamento (APs) 3 (bairros da Zona Norte como Penha, Ramos, Irajá, Madureira, Méier, Pavuna, Maré, Jacarezinho e Ilha do Governador), 4 (Barra da Tijuca e Jacarepaguá) e 5 (bairros da Zona Oeste como Bangu, Realengo, Campo Grande, Santa Cruz e Guaratiba);
  • Estabelecimentos que desenvolvem atividades por meio de trabalho remoto
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira
Foto: Agência Brasil

O trânsito vai mudar?

O maior impacto do G20 no trânsito do Rio de Janeiro acontecerá na Zona Sul da cidade. Entre os dias 17, 18 e 19, o Aterro do Flamengo será bloqueado para o deslocamento das comitivas. O fechamento das orlas para lazer --que geralmente ocorre em finais de semana e feriado-- será suspenso.

A partir da meia noite de quinta-feira, 14, até as 23h59 de terça-feira, 19, será proibido o estacionamento de veículos no Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon, São Conrado e Barra da Tijuca. Segundo a prefeitura, as vagas poderão ser utilizadas pelas forças de segurança e demais veículos empenhados nos eventos do G20.

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O Aeroporto Santos Dumont vai fechar?

Sim. Para controlar a segurança durante a Cúpula do G20, o Aeroporto Santos Dumont vai fechar entre os dias 18 e 19. A maior parte dos voos que seriam operados por lá deverão ser remanejados para o Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão).   

Isso porque o MAM, onde será a reunião dos líderes mundiais, fica a pouco mais de 500 metros do aeroporto.

O Rio terá reforço de segurança durante o G20?

Brasil presidiu G20 por um ano
Foto: Agência Brasil

A principal mudança na segurança do Rio de Janeiro durante o evento é o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), publicado na última sexta-feira, 8. A decisão estará em vigor entre os dias 14 e 21 de novembro e contempla apenas algumas regiões. 

Isso significa que militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica terão poder de polícia no que se refere à segurança das autoridades e comitivas que seguirão para o G20. As regiões que estarão sob a GLO são:

  • As proximidades do Museu de Arte Moderna, da Marina da Glória e do Monumento a Estácio de Sá, no Aterro do Flamengo e na Glória;
  • O Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, e o entorno dele, a partir da entrada da Ilha do Governador, assim como as vias de acesso - Linha Vermelha e Linha Amarela
  • Os locais de hospedagem dos chefes de estado;
  • As vias de circulação das autoridades, tanto nos deslocamentos para os hotéis, quanto para as reuniões;
  • As águas da Baía de Guanabara nestas localidades

Qual o impacto do G20 na economia do Rio?

O megaevento diplomático irá movimentar a economia da capital fluminense em quase R$ 600 milhões

Segundo projeção do estudo G20 em Dados, elaborado pela prefeitura carioca, por meio do Instituto Fundação João Goulart (FJG), o total injetado até o último dia de evento será de R$ 595,3 milhões --isso considerando o valor movimentado com os eventos realizados na cidade entre dezembro de 2023 a novembro deste ano.

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O cálculo leva em consideração os números das despesas operacionais (R$ 226,3 milhões) --em infraestrutura, aluguel de espaços e serviços diversos--, de gastos dos mais de 120 mil participantes na cidade (R$ 337 milhões) e do valor investido (R$ 32 milhões) na reforma do MAM, considerado pela prefeitura como um "legado" para a capital fluminense. 

Para o G20, a Rioluz também reforçou a iluminação pública com 345 pontos adicionais ao redor dos locais em que acontecerão os eventos, especialmente no entorno do MAM, onde será a Cúpula dos líderes mundiais.

A Prefeitura também garantiu uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) na criação de uma nova  estrutura de atendimento e postos médicos no MAM e em outros locais da capital fluminense. 

Outros órgãos também estão envolvidos no evento e colocaram a "mão na massa" para o G20 Rio acontecer. A Secretaria Municipal de Educação (SME), por exemplo, envolveu os alunos em projetos de educação midiática e em atividades de recepção das delegações.

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Fonte: Redação Terra
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