O que está por trás do sucesso da Noruega em Pyeongchang?

País de 5,2 milhões de habitantes está a caminho de conquistar maior número de medalhas e ouros já obtidos numa única Olimpíada de Inverno

22 fev 2018 - 15h37
(atualizado às 15h57)

"Nós nascemos com esquis nos pés" é um ditado comum na Noruega e foi confirmado por Johannes Hoesflot Klaebo ao cruzar a linha de chegada na prova final da equipe masculina de esqui cross-country, nessa quarta-feira (21/02).

Avalanche de medalhas de ouro para a Noruega em Pyeongchang
Avalanche de medalhas de ouro para a Noruega em Pyeongchang
Foto: DW / Deutsche Welle

Tratava-se da 32ª medalha olímpica para o país nórdico e do 12º ouro nos Jogos de Pyeongchang. No 12º dia dos Jogos Olímpicos de Inverno, a Noruega já havia superado sua meta de 30 medalhas. Um dia depois, já são 35 medalhas e 13 ouros.

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"Esta é a maior ambição que já tivemos, e estamos gostando dela", afirmou o diretor esportivo do Comitê Olímpico Norueguês, Gates Oevreboe, em novembro último, quando a meta foi anunciada. "Se quisermos estar entre as três principais nações, a história nos diz que precisamos ganhar dez medalhas de ouro", acrescentou.

Esse ambicioso objetivo parece agora modesto. A Noruega está a caminho de fazer história - e de ofuscar o recorde de 14 ouros do Canadá e o total de 37 medalhas dos EUA, que ambos os países estabeleceram em Vancouver, em 2010.

O domínio dos países nórdicos nos Jogos Olímpicos de Inverno não é novidade, mas atingiu um nível notável em Pyeongchang, onde países muito maiores, como Alemanha, Estados Unidos e Canadá, foram deixados para trás.

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A norueguesa Marit Bjoergen tornou-se a atleta mais condecorada com medalhas olímpicas na história dos Jogos de Inverno ao obter bronze na prova final da equipe feminina de esqui cross-country, na manhã desta quinta-feira (22/02).

A 14ª medalha olímpica de sua carreira eclipsou as 13 medalhas que o compatriota Ole Einar Bjorndalen alcançou em provas de biatlo. E quem ocupa a terceira posição na tabela do maior número de medalhas de todos os tempos em Jogos de Inverno? Outro norueguês, Bjorn Daehlie, com 12 medalhas.

Pequeno grande

Com uma população de apenas 5,2 milhões de habitantes, em comparação com os 323 milhões dos Estados Unidos ou os 82 milhões da Alemanha, como os noruegueses conseguiram se tornar a força dominante nos Jogos de Inverno na Coreia do Sul?

A ambição e a motivação estão claramente presentes, assim como o clima ideal. A Noruega é coberta regularmente por uma espessa camada de neve entre novembro e fevereiro, em meio a temperaturas abaixo de zero.

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Mas ambição e entorno natural são um aspecto, diligência é outro. A governo apoiou o amor pelos esportes de inverno com investimentos: um recém-inaugurado Centro Esportivo do Legado Olímpico, em Lillehammer, é prova disso. As instalações proporcionam aos atletas condições, recursos e expertise de excelência mundial.

O sucesso dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1994, em Lillehammer, também inspirou uma geração que compõe a atual safra de atletas olímpicos noruegueses. Eles cresceram venerando heróis dos esportes de inverno, como Kjetil Andre Aamodt e Espen Bredesen, depois de testemunhar uma avalanche de dez medalhas de ouro.

Espírito de equipe

O espírito de equipe também foi um fator-chave para a Noruega, sendo o time masculino de esqui alpino um exemplo perfeito. Consta que os atletas passam 250 dias do ano juntos e todos os membros, tanto veteranos como novatos, são tratados da mesma forma.

O atleta Aksel Lund Svindal, de 35 anos, ajudou a desenvolver esse espírito de equipe, "fazendo pequenas escolhas certas", como explicou o diretor de esqui alpino Claus Ryste.

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"Essa filosofia veio de Aksel", disse Ryste. "Ela ajuda a se manter saudável. Espírito de equipe, cultura: somos uma pequena nação com muito poucos recursos, temos que manter isso forte e vivo."

Com três dias restando para a cerimônia de encerramento, tornar-se a equipe olímpica de inverno mais bem-sucedida de todos os tempos pode fazer com que um novo ditado seja criado.

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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