O que se sabe sobre conflito em Moçambique?

26 dez 2024 - 10h36

Moçambique enfrenta uma onda de violência desde segunda-feira (23), quando o Conselho Constitucional ratificou a vitória do candidato Daniel Chapo, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), nas eleições presidenciais de 9 de outubro. A confirmação do resultado, que concedeu 65% dos votos a Chapo, foi contestada pela oposição, liderada por Venâncio Mondlane, que obteve 24% e denuncia fraudes no pleito.

Os protestos intensificaram
Os protestos intensificaram
Foto: se em 24 de dezembro, em todo o país - Reprodução/X / Perfil Brasil

A organização da sociedade civil Plataforma Decide informou que, até o momento, ao menos 121 pessoas morreram em dois dias de confrontos. Os incidentes ocorreram em meio a episódios de violência grave registrados nas últimas 24 horas.

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O que está acontecendo em Maputo, capital de Moçambique?

A capital moçambicana, Maputo, está paralisada. Barricadas bloqueiam as principais estradas e até o acesso ao aeroporto foi comprometido, embora não tenha havido cancelamento de voos. Manifestantes incendiaram contêineres e montaram bloqueios com troncos e pedras em várias vias. Comércios e prédios públicos foram saqueados, e o hospital central da cidade opera de forma precária. Mouzinho Saide, diretor da unidade, disse à AFP que mais de 90 feridos foram atendidos, "sendo 40 por arma de fogo e quatro por arma branca".

O ministro do Interior, Pascoal Ronda, relatou que veículos, delegacias e pedágios foram alvos de vandalismo, especialmente no norte do país, onde a oposição tem maior apoio. "Grupos de indivíduos com armas brancas e armas de fogo atacaram delegacias, centros de detenção e outras infraestruturas." Ao todo, 70 pessoas foram detidas e 86 detentos fugiram após uma prisão ser incendiada.

Vozes da oposição e reações internacionais

Venâncio Mondlane, principal opositor, pediu a intensificação dos protestos. Os moçambicanos exigem "a verdade eleitoral", afirmou. "Devemos continuar a luta!". Ele acusa o Conselho Constitucional de "legalizar a fraude" e promover a "humilhação do povo".

A União Europeia demonstrou preocupação com a escalada de violência e pediu "moderação a todas as partes". Enquanto isso, figuras internacionais como os escritores Mia Couto e José Eduardo Agualusa, residentes em Moçambique, relataram estar em segurança fora do país. Mia Couto informou, em uma mensagem de WhatsApp, que conseguiu abrigo na África do Sul com sua família. Agualusa, sua companheira e filha também estão fora do território moçambicano.

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