O Padre Júlio Lancellotti rebate a criação de uma CPI para investigar o trabalho de ONGs na Cracolândia. Para ele, a tentativa é uma forma de tirar o foco da questão, que seria a especulação imobiliária sendo que a população de rua da região aumentou exponencialmente.
O padre Júlio Lancellotti rebateu a tentativa de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o trabalho da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo e de organizações não governamentais (ONGs) que atuam na região da Cracolândia, na capital paulista. Para ele, a iniciativa é uma tentativa de tirar o foco da questão da Cracolândia.
Em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira, 4, o religioso citou a "especulação imobiliária" como responsável pela ofensiva, já que São Paulo é a "vitrine do mercado imobiliário".
"A especulação imobiliária tem um inimigo número 1, que são as pessoas em situação de rua. Uma população que aumentou exponencialmente em São Paulo", argumentou. "Essa criminalização de algumas pessoas, de alguns movimentos ou de algumas entidades é uma forma de não enfrentar com clareza e profundidade a questão que está em foco na Cracolândia".
O padre Júlio acrescentou que nenhuma ação do poder público tem sido capaz de amenizar a situação da Cracolândia, onde se reúnem pessoas usuárias de drogas em situação de rua. Na avaliação do ativista social, o foco de atenção deveria ser outro.
"Nós ficamos no efeito e não vamos para as causas. Qual é a causa de tudo isso? Por que existe tudo isso? A gente quer combater as pessoas que são dependentes químicas e não combate o tráfico. Ali tem que ver onde está o tráfico, como ele funciona, quais são as fontes de manutenção. Há dados aterradores. A gente não sabe de onde vieram. Mas os próprios vereadores colocam que a chamada Cracolândia movimenta R$ 10 milhões. Pra onde vai isso?", provocou.
A Arquidiocese de São Paulo expressou 'perplexidade' às notícias sobre possível CPI sobre o Padre Júlio Lancellotti, e destacou sua atuação pastoral à população em situação de rua, incentivando o trabalho de misericórdia.
"Acompanhamos com perplexidade as recentes notícias veiculadas pela imprensa sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que coloca em dúvida a conduta do Padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua", diz a nota.
