Papa pede por união contra "Estado Islâmico"

28 nov 2014 - 17h11

Em visita à Turquia, majoritariamente muçulmana, Francisco pleiteia direitos iguais para todas as religiões. Líder católico também acentua necessidade de enfrentar fanatismo e fundamentalismo do Ei no Iraque e na Síria.

Durante sua viagem pela Turquia, o papa Francisco reiterou que a liberdade de religião é um bem "fundamental". "É importante que muçulmanos, judeus e cristãos, tanto nas disposições legais como também em suas reais implementações, gozem dos mesmos direitos e assumam as mesmas responsabilidades", declarou em encontro com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e seu primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, nesta sexta-feira (28/11), em Ancara.

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Esta é a sexta viagem internacional do pontífice argentino, que afirmou ter vindo para continuar o diálogo respeitoso de seus antecessores. A liberdade de religião é um tema delicado no país predominantemente muçulmano: ao lado da imensa maioria islâmica, vivem na Turquia cerca de 100 mil cristãos e outras minorias, porém, sob algumas restrições.

O pontífice apelou, ainda, por um esforço coletivo para combater o grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) e "contrapor ao fanatismo e fundamentalismo, a solidariedade de todos os fíéis". "Além do urgentemente necessário apoio e assistência humanitária, também não podemos ficar indiferentes às razões dessa tragédia", exortou, lembrando a perseguição aos cristãos, yazidis e outras minorias, perpetrada pelo EI na Síria e no Iraque.

Francisco também agradeceu aos líderes turcos pela recepção de centenas de milhares de refugiados da região, destacando o papel fundamental do país na resolução do conflito. "Devido a sua história, sua localização geográfica e sua importância na região, a Turquia arca com uma grande responsabilidade." Ao mesmo tempo, salientou a obrigação moral da comunidade internacional de apoiar Ancara no acolhimento de refugiados.

Contra "islamofobia crescente do Ocidente"

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O líder da Igreja Católica definiu a Turquia como ponte natural entre a Ásia e a Europa e entre as duas culturas, cujas "decisões e seu exemplo têm um peso especial". Ele lembrou também a importância do país na história do cristianismo: além de pátria do apóstolo Paulo, lá ocorreram sete concílios e, segundo a lenda, Nossa Senhora teria vivido por um tempo em terras turcas.

No primeiro dia da visita que vai até domingo, o papa visitou o mausoléu do estadista revolucionário e fundador da República da Turquia, Mustafá Kemal Atatürk, no qual rezou e depositou uma coroa. No sábado, ele segue para Istambul, onde mais de 7 mil policiais estão mobilizados para garantir sua segurança. Lá visitará a Hagia Sophia – construída no século 6º como basílica católica, sendo depois transformada em mesquita e, por último, em museu – e a Mesquita Azul, principal casa de oração na metrópole turca.

Durante uma conferência da Organização de Cooperação Islâmica (OIC) em Istambul, poucas horas antes do encontro com o papa, o presidente Erdogan criticara a crescente islamofobia no Ocidente. "Aqueles que vêm de fora gostam de petróleo, ouro, diamantes, mão de obra barata, assim como de violência e briga. Na fachada, parecem ser nossos amigos, mas ficam contentes com a nossa morte e a de nossas crianças", acusara o político conservador turco.

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