Partido de Putin amplia poder no Parlamento após eleição

Legenda do presidente conquista 75% das cadeiras da Duma, o que lhe dá poderes para alterar a Constituição.

19 set 2016 - 07h28
(atualizado às 09h10)
Vladimir Putin visita a sede de seu partido, o Rússia Unida, em Moscou
Vladimir Putin visita a sede de seu partido, o Rússia Unida, em Moscou
Foto: EFE

O partido Rússia Unida, do presidente Vladimir Putin, confirmou as previsões e conquistou nas eleições desse domingo (18) ampla maioria das 450 cadeiras da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo.

A eleição foi marcada pela participação mais baixa da Rússia pós-soviética (47%) - especialmente acentuada em grandes centros, como Moscou e São Petersburgo - e por uma série de denúncias de irregularidades.

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Com 93% dos votos apurados, o Rússia Unida tem 343 cadeiras da Duma, cem a mais em relação à atual legislatura. O resultado dá a Putin o controle de mais de 75% da câmara, suficientes para fazer emendas na Constituição, sem a necessidade de formar uma coalizão.

O Rússia Unida recebeu 54% do total de votos, seguido pelo Partido Liberal Democrático (PLDR), do ultranacionalista Vladimir Zhirinovsky (15,3%), do Partido Comunista (14,5%) e do social-democrata Rússia Justa (8,1%).

Estas três legendas formam uma oposição leal a Putin e raramente o desafiam. Os partidos liberais de oposição, único grupo abertamente crítico ao presidente, não conseguiram superar a barreira dos 5% necessários para ter representação legislativa.

A discrepância entre a porcentagem de votos e o total de cadeiras recebidas acontece devido a uma particularidade do sistema eleitoral russo, que distribui mandatos pelo voto distrital direto e por listas partidárias.

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Assim, a legenda de Putin conquistou 203 cadeiras com mandato único e outras 140 das listas partidárias, determinadas pela porcentagem dos votos recebidos pelas legendas políticas.

As eleições para a Duma (os membros da câmara alta não são escolhidos por voto direto) são vistas como um indicador do apoio da população a Putin. Este foi o primeiro pleito realizado após a intervenção russa na Ucrânia, que resultou na anexação da Península da Crimeia.

Apesar do aparente processo democrático, diversos analistas afirmam que o Kremlin influencia as eleições legislativas de forma decisiva. Mesmo com regulamentos relaxados, nem todas as legendas oposicionistas conseguiram participar das eleições.

Houve denúncias de irregularidades em várias partes do país. A presidente da Comissão Central Eleitoral, Ella Pamfilova, afirmou que uma investigação foi lançada em pelo menos um distrito, onde um funcionário foi visto depositando vários votos nas urnas.

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"Ninguém vai entrar para a Duma sem que a administração do Kremlin o queira ou permita", afirmou antes da votação Hans-Henning Schröder, editor do periódico online Russland-Analysen. Segundo ele, as noções de livre competição nas eleições russas são ilusórias.

Foi após as eleições parlamentares de 2011, denunciadas como fraudulentas por opositores e ativistas, que a Rússia enfrentou seus maiores protestos desde a queda da União Soviética. Os principais alvos dos manifestantes foram Putin e seu partido.

RC/rtr/ap/dpa

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