Pena de 30 anos por ataque que visava 'Charlie Hebdo'

24 jan 2025 - 17h15

Paquistanês feriu dois jornalistas a faca por engano em 2020, diante do antigo prédio da revista satírica francesa. Condenado de 29 anos teria sido influenciado por pregador islamista.Um tribunal de Paris condenou nesta quinta-feira (23/01) um paquistanês a 30 anos de prisão por dupla tentativa de assassinato em frente ao antigo escritório da revista satírica francesa Charlie Hebdo, em 2020, com uma faca.

Réu queria atacar revista por charge satírica de Maomé, mas errou o prédio de sua sede
Réu queria atacar revista por charge satírica de Maomé, mas errou o prédio de sua sede
Foto: DW / Deutsche Welle

Quando cometeu o ataque, Zaheer Mahmood acreditava que o periódico ainda funcionasse no prédio. Ele tinha como alvo a equipe da revista, mas acabou ferindo dois funcionários da agência de notícias Premières Lignes.

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A sede da Charlie Hebdo, porém, havia sido transferida após o atentado contra sua redação em janeiro de 2015. Na ocasião, dois homens armados ligados à Al-Qaeda mataram 12 pessoas, incluindo oito membros da equipe editorial do jornal. Antes do ataque, a revista conhecida por suas charges provocativas havia publicado caricaturas satirizando o profeta Maomé.

O atentado chocou a França e gerou um intenso debate sobre liberdade de expressão e religião, desencadeando uma onda mundial de solidariedade, expressa no slogan "Je Suis Charlie" ("Eu sou Charlie").

Mahmood, natural de uma região rural do Paquistão, chegou ilegalmente à França em 2019. Durante o julgamento, a Justiça constatou que ele foi incentivado pelo pregador radical paquistanês Khadim Hussain Rizvi a querer "vingar o profeta", em resposta a caricaturas de Maomé republicadas pela Charlie Hebdo em setembro de 2020, por ocasião do início do julgamento dos ataques jihadistas de 2015.

Tentativa de assassinato e conspiração terrorista

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Agora com 29 anos, Mahmood foi condenado por tentativa de assassinato e conspiração terrorista e será banido da França após cumprir sua pena. Durante o julgamento, a defesa de Mahmood argumentou que suas ações foram resultado de um profundo distanciamento em relação à França, devido à sua criação no interior muçulmano do Paquistão.

"Em sua cabeça, ele nunca deixou o Paquistão", disse o advogado de defesa, Alberic de Gayardon. Os representantes de Mahmood ainda não indicaram se recorrerão da sentença.

A polêmica decisão da Charlie Hebdo de republicar as caricaturas de Maomé em 2020 gerou uma onda de manifestações iradas no Paquistão, onde blasfêmia é punida com morte.

Outros cinco paquistaneses que apoiaram e incentivaram as ações de Mahmood, alguns dos quais menores de idade na época, foram julgados junto com ele por conspiração terrorista. Eles receberam penas de três a 12 anos de prisão.

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gq/av (AFP, DPA, ots)

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