PF: Brasileiro morreu abandonado por 'coiote' ao tentar entrar nos EUA

Jovem foi enterrado como indigente em abril de 2021 e família só descobriu sobre morte cinco meses depois, por foto

16 ago 2022 - 12h45
(atualizado às 13h34)
Ayron Henrickson Fernandes Gonçalves passou mal durante travessia e morreu
Ayron Henrickson Fernandes Gonçalves passou mal durante travessia e morreu
Foto: Reprodução/Facebook

A Polícia Federal indiciou dois contrabandistas e "coiotes" que atuam na migração ilegal de brasileiros para os Estados Unidos por homicídio culposo após a morte de Ayron Henrickson Fernandes Gonçalves, de 21 anos. O jovem passou mal ao ser deixado para trás pelo líder do grupo durante a travessia no ano passado. 

As informações foram publicadas pela Folha de S. PauloErlon Gomes da Silva e Evânio Paraíso Pires foram indiciados por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, além de promoção de migração ilegal, associação criminosa e envio ilegal de menor ao exterior. A PF indiciou também David Gonçalves dos Santos por esses três crimes, já que ele teria aliciado o jovem. 

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O jovem Ayron Gonçalves pegou um avião no Rio de Janeiro em 10 de abril de 2021, com destino ao México. Ele seguiu para Mexicali, mas não chegou ao território americano. Ele morreu no caminho, com insuficiência respiratória aguda causada por edema pulmonar.

O corpo foi encontrado no dia 19 de abril, seis dias após a tentativa malsucedida de atravessar a fronteira. A família, porém, só descobriu o destino do jovem cinco meses após a morte, depois que ele já tinha sido enterrado como indigente. O reconhecimento aconteceu por fotografia. 

Abandonado por coiotes

De acordo com o inquérito, Erlon foi o responsável por promover a migração de Gonçalves. Foi ele quem comprou as passagens, recebeu o dinheiro, agenciou a viagem e fez todo o planejamento da migração.

Já o outro indiciado, Evânio, que residia no México, foi apontado pela PF como articulador do esquema criminoso. Ele planejava a logística com a estrutura necessária para a travessia. Segundo as investigações, ele foi responsável por receber Gonçalves no desembarque do México e encaminhar o jovem para Mexicali, onde uma atravessadora mexicana o aguardava.

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A polícia aponta também a participação de um terceiro homem, , nas atividades de promoção de migração ilegal e envio ilegal de menor ao exterior. Ele era responsável pelo aliciamento de pessoas no Brasil.

Imigração ilegal

A PF indiciou Erlon Silva e Evânio Pires não só pelo caso de Gonçalves, mas por outros descobertos durante as investigações. Segundo o inquérito, Erlon foi responsável por levar mais de 200 pessoas para os Estados Unidos ao longo dos anos, incluindo crianças.

"Além disso, mesmo Erlon e Evânio tendo assumido o risco de transportarem Ayron para os EUA ilegalmente, estes se omitiram no zelo pela segurança do emigrante, sendo inequivocamente negligentes e também imprudentes, considerando que o resultado era plenamente previsível, mas mesmo assim os investigados agiram para o cometimento do crime", argumentou a PF no inquérito.

Apesar da manifestação da PF, o Ministério Público Federal (MPF) foi contrário e entendeu que as pessoas responsáveis pela migração ilegal não devem responder por homicídio culposo e associação criminosa quando há esse tipo de incidente. O órgão ofereceu denúncia somente pelos crimes de promoção de migração ilegal e envio ilegal de menor ao exterior.

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Erlon de Almeida e David Santos foram presos em 21 de junho durante uma operação da Polícia Federal. No entanto, segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, Erlon foi liberado por meio de alvará de soltura após pagamento de fiança na semana passada. David permanece detido no Centro de Remanejamento Provisório de Governador Valadares. Evânio Pires está foragido.

Fonte: Redação Terra
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