Marcel Moura, diretor de operações da Voepass, afirmou em coletiva de imprensa na noite de sexta-feira, 9, que um piloto e um copiloto desistiram de voar para Ribeirão Preto (SP) após o acidente aéreo em Vinhedo (SP). O voo sairia do município na tarde de sexta-feira, pouco tempo depois da queda do avião da Voepass que matou 62 pessoas.
De acordo com Moura, os tripulantes da companhia aérea podem escolher entre voar ou não neste sábado, 10, caso não se sintam confortáveis. Apesar da desistência do piloto e copiloto, outra equipe foi alocada para voar para Ribeirão Preto e até o momento não há voos atrasados.
Além de tripulantes, passageiros com voos marcados pela Voepass também desistiram de viajar após o acidente. "É uma sensação de alívio [voltar de carro]. Na hora qu ea empresa falou 'a gente está mandando um carro para ir buscar vocês', não a importa a hora que eu vou chegar em casa hoje, mas é totalmente alívio", disse a produtora de eventos Thalita Aparecida Silva ao G1 Ribeirão e Franca.
Após o acidente na manhã de sexta-feira, outro piloto da Voepass que fazia um voo para Guarulhos (SP), o mesmo destino do avião que caiu em Vinhedo, disse que fez um relatório sobre a formação de gelo na janela lateral da cabine e que, em 16 anos pilotando, ele nunca havia visto algo parecido.
“Estou me sentindo mal. Até chorei em casa aqui agora, lembrando que eu reportei para o controle. Fiz minha função, avisei o controle: ‘Ó, formação de gelo severo. Fica a informação, passa para os colegas’, lamentou em entrevista ao jornal O Globo. A bordo da aeronave estavam 62 pessoas, mas não houve sobreviventes.
O que aconteceu?
O avião da Voepass Linhas Aéreas, antiga companhia Passaredo, modelo ATR-72, decolou de Cascavel, no Paraná, às 11h46, com destino ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O voo 2283 tinha 57 passageiros e 4 tripulantes a bordo. Conforme a Agência Nacional de Avião Civil (Anac), esse modelo de avião comporta até 68 passageiros.
Segundo informações do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), da Força Aérea Brasileira (FAB), o voo ocorreu dentro da normalidade até 13h20. "No entanto, a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. A perda do contato radar ocorreu às 13h22".
Conforme apurado pelo Terra, registros do Flightradar, plataforma de monitoramento de aeronaves, mostram que o voo se manteve na altitude de cerca de 17 mil pés até por volta de 13h20.
Foi aí, então, que o avião fez uma curva brusca. Tudo foi muito rápido. Às 13h21, o voo foi de uma altitude de 17.200 pés para 10.025. Já às 13h22, o avião foi rapidamente de 9.475 para 4.100 pés, no último registro. Sendo assim, em um minuto, a aeronave despencou cerca de 13.100 pés, o equivalente a 3.992 metros.
Logo após o acidente, a Voepass Linhas Aéreas informou, por meio de nota, que ainda não há confirmação de como ocorreu o acidente. "A Companhia está prestando, pelo telefone 0800 9419712, disponível 24h, informações a todos os seus passageiros, familiares e colaboradores", disse, em comunicado.
"A aeronave decolou de CAC sem nenhuma restrição operacional, com todos os seus sistemas aptos para a realização de voo", acrescentou.