Por embaixada, Eduardo Bolsonaro começa a visitar senadores

Deputado se reúne com presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, que terá de sabatinar nome do governo para Washington

8 ago 2019 - 05h12
(atualizado às 07h42)

Brasília - O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) começou, nesta quarta-feira, 7, a percorrer gabinetes de senadores em busca de apoio para a sua indicação à embaixada brasileira em Washington. A primeira visita foi ao presidente da Comissão de Relações Exteriores, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS). Eduardo estava acompanhado apenas por seguranças.

Para ter sua nomeação como embaixador confirmada, Eduardo deverá passar por uma sabatina na comissão presidida por Trad e, em seguida, ser submetido a uma votação secreta. Depois, ele precisará do apoio da maioria dos 81 senadores do plenário, em votação também secreta. "Se eu for merecedor de ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos, certamente é uma missão que eu vou assumir, mas depende dos senadores", disse o deputado.

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República
O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

A indicação de Eduardo pode ser oficializado nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro. Para Eduardo, elogios feitos a ele pelo presidente americano Donald Trump facilitariam o percurso. "É o que algumas pessoas estavam chamando de aceitação tácita do pedido de 'agrément' feito pelo Itamaraty. Fico feliz. Um dos papéis do embaixador é colocar em alto nível esses contatos entre os presidentes dos dois países", disse ele.

O presidente da comissão avalia que a indicação de Eduardo será oficializada em 10 dias. O período se deve ao trâmite nos EUA sobre o pedido feito pelo Brasil, disse. Para Trad, é equivocada a leitura de que basta a declaração de Trump. "Tem de ter o papel", declarou.

O Estado publicou em 13 de julho que 6 dos 17 senadores que compõem a comissão eram contrários à indicação do deputado ao cargo em Washington. Para garantir o aval a Eduardo, Bolsonaro retirou indicações ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que desagradavam o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Eduardo não quis comentar se a retirada das indicações ao Cade poderia ser vista como uma troca de favores políticos. "Não tenho informações sobre isso", disse ele. O presidente do Senado nega que a mudança de nomes interfira na avaliação do deputado à embaixada.

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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição na Casa, aposta que existiria maioria de votos contrários à indicação de Eduardo, cerca de 42. Seriam 20 votos da oposição e o restante de dissidentes, disse.

Randolfe afirma que a oposição deve ingressar com duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a indicação, quando ela for oficializada. O argumento de uma delas será que a indicação fere posições já consolidadas da Corte. A segunda ação vai argumentar que a sugestão de Eduardo ao cargo viola o princípio da impessoalidade, disse o senador.

A irritação da oposição sobre a indicação foi inflada por declarações de Eduardo e do presidente Bolsonaro. "Pretendo beneficiar filho meu, sim. Se eu puder dar um filé mignon 'pro' meu filho, eu dou, mas não tem nada a ver com o filé mignon essa história aí. É aprofundar o relacionamento com a maior potência do mundo", disse Bolsonaro em julho.

Para Randolfe, a indicação é um "escárnio", "uma vergonha" e não tem precedentes. "Será um momento histórico para o Senado se afirmar. O presidente pode muito, mas não pode tudo", disse Randolfe.

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