Presidente da Colômbia leva Nobel da Paz por acordo com Farc

7 out 2016 - 06h08
(atualizado às 12h50)
Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia
Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia
Foto: Getty Images

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz de 2016, anunciou o Comitê Nobel nesta sexta-feira (7) em Oslo, na Noruega. Santos foi destacado por seus "esforços resolutos" para alcançar a paz no país após 52 anos de guerra civil, que deixou mais de 200 mil mortos.

Após mais de cinco anos de negociações, o governo colombiano chegou a um acordo de paz com as as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), assinado no último dia 26 de setembro. A população do país, no entanto, rejeitou o pacto em consulta popular no último domingo. Muitos eleitores viram o acordo como brando demais em relação aos guerrilheiros das Farc.

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Mesmo assim, Santos continuou mostrando otimismo em relação à paz no país. Nesta quarta-feira, ele se reuniu com líderes da oposição ao acordo e ressaltou que pretende atender as propostas de ajuste ao acordo o máximo possível. 

"A paz na Colômbia está perto e nós vamos alcançar uma paz estável, duradoura e com um apoio mais amplo dos cidadãos", disse Santos.

Para o Comitê Nobel, a rejeição popular ao acordo não significa que o processo de paz tenha morrido. "O povo colombiano não disse 'não à paz', ele disse não a esse acordo em particular", declarou Kaci Kullmann Five, presidente do comitê. 

Apesar da vitória do "não", "Santos aproximou o conflito sangrento de uma solução pacífica". O Nobel da Paz também deve ser visto como "um tributo ao povo colombiano, que, apesar das grandes dificudades e abusos, não perdeu a esperança numa paz justa, e a todas as partes que contribuíram para o processo de paz", declarou Kullmann Five.

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O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e o líder máximo das Farc, Rodrigo Londoño Echeverri, se cumprimentam após assinarem o acordo de paz
Foto: EFE

Recorde de indicações

Neste ano, o Comitê do Nobel comunicou que recebeu um número recorde de indicações para o Nobel da Paz: 376, incluindo 228 pessoas e 148 organizações. Além de Santos, entre os cotados estavam a chanceler federal alemã, Angela Merkel, o papa Francisco, owhistleblower Edward Snowden, os moradores de ilhas gregas que ajudaram refugiados, simbolizados na figura do pescador Stratis Valiamos, e o grupo de voluntários Defesa Civil Síria, conhecido por seus capacetes brancos.

Alguns analistas haviam retirado a Colômbia de sua lista de favoritos após a vitória do "não" no plebiscito. O prêmio não fez menção ao líder das Farc Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como Timochenko, que assinou o acordo com Santos.

Presidente da Colômbia conquista Prêmio Nobel da Paz
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Em 2015, o vencedor do Nobel da Paz foi o Quarteto para o Diálogo Nacional na Tunísia. Este inclui organizações-chave da sociedade civil tunisiana: a União Geral dos Trabalhadores da Tunísia (UGTT), a Confederação de Indústria, Comércio e Artesanato da Tunísia (Utica), a Liga dos Direitos Humanos da Tunísia (LDHT) e a Ordem Nacional dos Advogados da Tunísia (Onat). Para o Comitê Nobel, as quatro instituições criaram um processo político alternativo e pacífico num momento em que o país estava à beira de uma guerra civil.

Assim como os demais prêmios Nobel, o da Paz tem o valor de 8 milhões de coroas suecas (930 mil dólares). Os laureados também recebem uma medalha e um diploma na cerimônia de entrega dos prêmios no dia 10 de dezembro, aniversário do fundador da premiação, Alfred Nobel, morto em 1896.

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Santos dedica Prêmio Nobel da Paz às vítimas colombianas
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