Presidente da Coreia do Sul defende lei marcial

12 dez 2024 - 08h28
(atualizado às 09h00)

Em pronunciamento, Yoon Suk Yeol diz que medida era "inevitável" para proteger "democracia". Oposição apresenta nova moção de impeachment e líder governista pede destituição do presidente.O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, defendeu nesta quinta-feira (12/12) o decreto de lei marcial c

Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, fez um pronunciamento para defender lei marcial
Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, fez um pronunciamento para defender lei marcial
Foto: DW / Deutsche Welle

como uma medida "inevitável" para proteger a "democracia liberal da ditadura parlamentar" da oposição, e garantiu que não está "obcecado" em cumprir integralmente seu mandato e que enfrenta "com confiança" as investigações criminais e as tentativas de destituí-lo.

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Em um discurso televisionado, o presidente sul-coreano assegurou que poucas tropas e apenas órgãos de elite foram mobilizados para prevenir "acidentes", considerou que está sendo "fabricado" um crime de insurreição contra ele e têm sido divulgadas muitas informações falsas e que, mesmo assim, não evitará encarar "responsabilidades legais e políticas".

Yoon, que só tinha aparecido publicamente duas vezes desde que a lei marcial foi declarada em 3 de dezembro (a segunda para pedir desculpas pelos transtornos causados à população, mas não por declarar o estado de exceção em si), apareceu de surpresa e fez um discurso de cerca de dez minutos com um tom enérgico e até desafiador.

O presidente garantiu que decretar a lei marcial corresponde a um "julgamento político por parte do presidente" e que sua resolução da semana passada foi "enormemente calibrada" e representou "uma decisão constitucional e um ato de governo e não uma declaração de guerra civil".

Yoon é investigado por suspeita de traição, motim e abuso de poder, acusações que também pesam sobre vários altos responsáveis governamentais e militares envolvidos na polêmica medida, decretada aparentemente com motivações puramente ligadas à sobrevivência política do presidente e à proteção da primeira-dama, que também é alvo de acusações de corrupção.

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"Lutarei até o último momento", diz Yoon

O presidente disse que a declaração da lei marcial foi adotada como foi um alerta ao Partido Democrático (PD), que controla a Assembleia Nacional. Ele chamou o partido de "monstro" e acusou "forças antiestatais" de tentarem usar seu poder no Legislativo para destituir autoridades governamentais de alto escalão, sabotarem o projeto de lei orçamentária do governo para o próximo ano e de simpatizarem com a Coreia do Norte.

"A Assembleia Nacional, dominada pelo maior partido da oposição, se tornou um monstro que destrói a ordem constitucional da democracia liberal", disse Yoon em discurso transmitido para todo o país.

Yoon reforçou sua justificativa de declarar lei marcial, que ele disse ter sido tomada para proteger a Coreia do Sul "das ameaças representadas pelas forças comunistas da Coreia do Norte e eliminar elementos anti-Estado".

"Peço desculpas novamente às pessoas que devem ter ficado surpresas e ansiosas devido à lei marcial", acrescentou. "Peço desculpas novamente às pessoas que devem ter ficado surpresas e ansiosas devido à lei marcial", acrescentou. Yoon encerrou seu discurso garantindo que "lutará até o último momento ao lado do povo".

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Nova moção de impeachment

A fala do presidente veio horas antes de o principal partido de oposição, o Partido Democrático (PD), e cinco outras legendas apresentaram uma nova moção de impeachment, que deverá ir à votação na Assembleia Nacional neste sábado.

Uma tentativa anterior de selar o impeachment de Yoon fracassou após a maioria dos parlamentares da legenda governista Partido do Poder Popular (PPP) boicotarem a votação. Os partidos de oposição possuem juntos 192 cadeiras no Parlamento, ou seja, oito votos a menos que uma maioria de dois terços dos 300 membros da Assembleia Nacional.

Yoon declarou lei marcial no dia 3 de dezembro. O estado de emergência foi suspenso seis horas após ser decretado, depois de os partidos da oposição e parte da base governista votarem na Assembleia Nacional pela revogação da medida, e apesar das tentativas da polícia e de forças militares sul-coreanas de bloquear o acesso ao Parlamento.

A nova moção de impeachment que tem boas chances de sucesso depois que o líder do próprio partido do presidente pedir à sua destituição.

Oposição fecha o cerco

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O discurso de Yoon arrisca aprofundar as divisões dentro do PPP. O líder do partido, Han Dong-hun, um crítico de Yoon, chamou a declaração do presidente de "uma confissão de traição" durante uma reunião da legenda e pediu aos membros do partido que votem a favor do impeachment, gerando protestos dos parlamentares leais ao chefe de governo.

Embora um presidente sul-coreano em exercício tenha imunidade contra processos judiciais, isso não vale para acusações de rebelião ou traição. Isso significa que Yoon poderá ser interrogado e detido pela polícia, embora muitos analistas políticos duvidem que isso venha a ocorrer devido à possibilidade de confrontos com a equipe de segurança da Presidência. Nesta quarta-feira, o serviço de segurança presidencial não permitiu que a polícia revistasse o gabinete de Yoon.

A Assembleia Nacional aprovou nesta quinta-feira um projeto de lei que visa permitir a indicação de um promotor independente para investigar Yoon sem a aprovação do próprio presidente, como é exigido pela lei atual.

Também nesta quinta-feira Parlamento aprovou a destituição do chefe da Polícia Nacional, Cho Ji Ho, e do Ministro da Justiça, Park Sung Jae, devido seus papéis na declaração da lei marcial. Park é alvo de suspeitas por parte da oposição de que ele estaria envolvido no planejamento e execução do decreto de Yoon.

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rc/cn (AP, AFP)

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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