O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, decidiu nesta terça-feira (3), suspender a lei marcial que havia decretado horas antes. A medida foi revogada após uma votação emergencial no Parlamento, que declarou a iniciativa inválida. Em nota oficial, o presidente informou que realizará uma reunião de gabinete para tratar do tema.
A imposição da lei marcial surpreendeu a população e gerou fortes reações contrárias, inclusive no meio político. O decreto militar restringia direitos civis, controlava a mídia e suspendeu atividades da Assembleia Nacional. Forças policiais foram mobilizadas para cercar o Parlamento, mas deputados conseguiram acessar o local e realizar a votação.
A justificativa apresentada por Yoon para a decretação da lei foi a necessidade de conter influências de aliados da Coreia do Norte dentro do país. A oposição, liderada por Lee Jae-Myung, acusou o presidente de usar o conflito com o regime vizinho como pretexto para concentrar poderes e enfraquecer o Legislativo.
Qual o impacto da revogação da lei marcial na crise política?
A revogação do decreto ocorre em um cenário de instabilidade interna. Desde que assumiu o cargo, em 2022, Yoon enfrenta dificuldades para aprovar sua agenda em um Parlamento controlado pela oposição. Nas eleições legislativas de abril, o partido governista perdeu força, ampliando o domínio do Partido Democrata.
Após o decreto, o acesso à Assembleia Nacional foi bloqueado por forças policiais, enquanto manifestantes tomavam as ruas pedindo a anulação da medida e, em alguns casos, até o impeachment de Yoon. Ainda assim, deputados realizaram uma sessão emergencial para invalidar a lei marcial, uma decisão que foi celebrada em protestos em Seul.
A revogação alivia tensões momentâneas, mas o desgaste político do presidente se intensifica. Com popularidade em declínio, Yoon já enfrenta questionamentos sobre sua postura autoritária e sua capacidade de governar em meio a um Parlamento hostil.
Crescem tensões com a Coreia do Norte
Além dos conflitos internos, Yoon lida com uma escalada de tensões sem precedentes na última década com a Coreia do Norte. O regime de Kim Jong-un intensificou ações provocativas nos últimos meses, como lançamentos de mísseis balísticos, testes com foguetes de longo alcance e rompimento de pactos de não agressão estabelecidos em 2018.
O clima de tensão chegou ao auge após a Coreia do Norte suspender formalmente o acordo de não agressão em novembro de 2023. A relação entre os países, tecnicamente ainda em guerra, está marcada por ameaças constantes e trocas de provocações. Desde 1980, uma medida militar desse tipo não era aplicada no país.