O Progressistas decidiu desembarcar da gestão do governador Rui Costa (PT) na Bahia. Vice-governador do Estado, João Leão entregou nesta segunda-feira, 14, uma carta ao petista na qual pede exoneração do comando da Secretaria de Planejamento (Seplan). Outros secretários do partido devem fazer o mesmo, e a sigla vai traçar um cronograma para entrega de cargos no segundo e terceiro escalões.
A Executiva Estadual e as bancadas federal e estadual do Progressistas devem se reunir na noite desta segunda para discutir o rumo do partido na eleição. A tendência é Leão selar aliança com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil). O vice-governador deve ser candidato ao Senado na chapa de ACM Neto, que fez o convite a ele na semana passada.
O desembarque do governo Rui Costa foi definido em reuniões com deputados federais e estaduais, que deram apoio ao rompimento. Presidente nacional licenciado do Progressistas, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, também foi um dos principais incentivadores da saída do partido da base petista.
"Quero ressaltar que nos 14 anos de aliança com os governos do PT, jamais faltou da nossa parte lealdade, dedicação, apoio parlamentar e espírito público. Após amplo debate e consultas às lideranças progressistas, decidimos, por unanimidade, se afastar da aliança atual e buscar outros caminhos onde possamos continuar trabalhando pelo povo baiano", disse Leão, em nota divulgada pelo partido.
O rompimento ganhou forma quando o senador Jaques Wagner (PT-BA) desistiu de concorrer ao governo. Com isso, um novo arranjo foi desenhado, com o senador Otto Alencar (PSD-BA) como pré-candidato ao governo, e Costa na disputa pelo Senado.
O governador, então, deixaria o governo em abril para concorrer a uma vaga no Congresso, deixando a cadeira para João Leão.
O arranjo começou a ruir, porém, quando Otto decidiu não ser candidato ao governador e o PT optou por lançar a pré-candidatura do secretário de Educação, Jerônimo Rodrigues, ao governo. Neste cenário, Costa fica no mandato até o fim, deixando o Progressistas fora da cadeira de governador. A decisão, anunciada por Wagner em um programa de rádio, foi encarada como descumprimento de acordo e desrespeito dos petistas ao partido.
"Além de considerar inaceitável a quebra do acordo, a indelicada comunicação da decisão pela imprensa causou uma imensa decepção e a constatação de que o PP não era mais desejado e não tinha espaço na aliança que nos trouxe até aqui", criticou o Progressistas na nota.Nos bastidores, setores do PT viam com receio a possibilidade de o Progressistas assumir o Executivo. Base do governo de Jair Bolsonaro, a sigla teria a chave do cofre do quarto maior colégio eleitoral do País nas mãos, em plena campanha de reeleição do presidente da República. A desconfiança intensificou as pressões internas do PT por candidatura própria na Bahia.
Após rompimento, Rui Costa diz que 'maior aliança é com povo da Bahia'
Após o Progressistas anunciar a saída, o governador Rui Costa se pronunciou e disse que "a nossa maior aliança foi construída em bases sólidas com o povo da Bahia."
Em nota divulgada nesta segunda-feira, 14, o petista agradeceu ao vice-governador João Leão, mas ressaltou que a decisão de deixar o governo foi do próprio Progressistas.
Costa ainda indicou que a saída do partido não interrompe o processo de formação da chapa do PT para o governo baiano.
"Nós já temos candidatos a governador e a senador. Nossa chapa está sendo formada e ficando bastante forte para chegarmos a mais uma vitória, pois são nomes que verdadeiramente representam um projeto liderado pelo presidente Lula. E o nosso grupo está ao lado do povo que deseja Lula para reconstruir o Brasil", destacou.