No Brasil, a guerra entre facções criminosas tem causado tragédias que afetam pessoas inocentes, muitas vezes por razões que parecem triviais. Um desses motivos são os gestos feitos com as mãos em fotos publicadas na internet. Recentemente, casos de assassinatos devido a sinais interpretados como símbolos de grupos rivais têm levantado preocupações quanto à segurança - ou à falta dela.
Gesto dos três dedos
Em certas regiões do país, mesmo gestos considerados inofensivos podem ser mal interpretados, resultando em consequências fatais. Por exemplo, em Jericoacoara, Ceará, um turista adolescente chamado Henrique Marques de Jesus foi sequestrado e assassinado após fazer um gesto de "três dedos" em fotos nas redes sociais. Esse sinal é associado no mundo do crime ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Um caso semelhante em Mato Grosso, na cidade de Porto Esperidião, resultou nos assassinatos de Rayane e Rithiele Alves Porto. As irmãs foram vítimas de tortura e assassinato após postarem fotos em que faziam um gesto similar ao símbolo do rock, mas este foi erroneamente interpretado como um sinal de facção rival. Esses lapsos de interpretação geram pânico e tragédias, afetando comunidades inteiras.
Por medo, a rapper baiana Duquesa achou melhor tirar um vídeo do ar. Era uma música de trabalho que estava sendo lançada em formato de videoclipe. Seus fãs alertaram que, em determinado momento, ela fazia um gesto que poderia ser associado a uma facção criminosa de Salvador.
Um mundo onde tirar uma foto pode significar a morte de um inocente (ou de vários) tem algo muito errado. Não é razoável achar normal alguém perder a vida por uma foto fora de contexto. Em uma sociedade em que as pessoas devem se preocupar com as mãos para não serem mal interpretadas é algo inadmissível. E requer medidas urgentes.