A queda de três torres de transmissão de energia elétrica em diferentes partes do Brasil desde domingo está sendo investigada pelas empresas donas dos empreendimentos, que dizem enxergar indícios de "vandalismo" e "sabotagem" contra as instalações em meio à eclosão de atos golpistas no país nos últimos dias.
As ocorrências que afetaram ativos da Eletrobras e do grupo Evoltz levaram o governo a instituir um gabinete de monitoramento de eventuais ameaças à segurança das instalações do setor elétrico, composto por Ministério de Minas e Energia, a agência reguladora Aneel e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Segundo boletins da Aneel e ONS, nos Estados do Paraná e Rondônia houve queda de torres de transmissão pertencentes às subsidiárias da Eletrobras Furnas e Eletronorte. Uma terceira torre foi derrubada no Bipolo 2 do Complexo do Madeira, operado por uma transmissora do grupo Evoltz --em linha que vai de Rondônia a São Paulo.
"Tiveram atos de vandalismo em linhas (de transmissão)... mas não dá pra saber se é atentado ou tem relação (com atos golpistas)", afirmou à Reuters uma fonte ligada à Eletrobras.
No caso paranaense, foi derrubada uma torre do Bipolo 2, que transmite energia gerada pela hidrelétrica Itaipu para o Sistema Interligado Nacional. Segundo documento do ONS, também foram verificadas avarias em três outras torres do empreendimento, mas o serviço de energia não foi comprometido.
Em relato à Aneel, a concessionária disse ver "indícios de vandalismo" no ocorrido, e que não foram identificadas condições climáticas adversas que possam ter causado queda de torres.
Uma fonte disse que equipes estão sendo deslocadas para o local no Paraná para checar o ocorrido e se houve uso de um trator na derrubada da torre.
No caso da Evoltz, a empresa relatou à Aneel "indícios de sabotagem" na queda de sua torre, já que houve corte de dois estais (cabos de aço).
Em Rondônia, houve no domingo o desligamento de uma linha de transmissão da Eletronorte da interligação Acre-Rondônia ao Sistema Interligado Nacional.
"Imediatamente, a equipe de manutenção foi acionada e a inspeção realizada detectou que o desligamento foi provocado pela queda de uma torre dessa linha, com indícios de sabotagem. A equipe da Eletronorte já está mobilizada para substituição da torre, com previsão de conclusão dos serviços ao longo do próximo dia 11, quarta-feira", disse a Eletronorte, em nota divulgada na véspera.
Os possíveis ataques à infraestrutura de energia ocorrem após a invasão e depredação, no domingo, das sedes dos Três Poderes em Brasília por parte de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os golpistas também fizeram ameaças às refinarias da Petrobras, com o objetivo de interromper o fornecimento de combustível.
A Aneel disse que criou na segunda-feira uma rotina de acompanhamento para verificar e atualizar informações sobre "quaisquer eventos nos ativos e instalações" do Ministério de Minas e Energia.
O gabinete receberá e processará informações referentes a "qualquer tentativa de ataque ou efetivo vandalismo, tanto sob o aspecto de integridade física como também cibernética das instalações", diz um boletim da agência.