Queiroz fala de cargos e gabinete de Flávio: "É só chegar"

Mensagem foi enviada pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro em junho, diz jornal

24 out 2019 - 09h26
(atualizado às 10h02)

O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, aparece em áudio de WhatsApp obtido pelo jornal O Globo falando sobre indicações para cargos no Congresso.

De acordo com a publicação, a mensagem foi enviada por Queiroz em junho - seis meses depois que o Estado revelou que o ex-assessor foi citado em relatório do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf, agora Unidade de Inteligência Financeira) por movimentações atípicas em sua conta.

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"Tem mais de 500 cargos, cara, lá na Câmara e no Senado", diz Queiroz no áudio. "Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles em nada. '20 continho' aí para gente caía bem pra c*."

O então deputado Flávio Bolsonaro com seu assessor Fabrício Queiroz
O então deputado Flávio Bolsonaro com seu assessor Fabrício Queiroz
Foto: Reprodução / Estadão Conteúdo

Queiroz cita o gabinete de Flávio. "O gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores lá para conversar com ele. Faz fila. É só chegar: 'meu irmão, nomeia fulano para trabalhar contigo aí'. Salariozinho bom, para a gente que é pai de família, p* que pariu, cai igual uma uva."

O Estado tenta contato com a defesa de Queiroz.

O Ministério Público quer saber por que Queiroz, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, movimentou em uma conta mais de R$ 1,2 milhão, quantia considerada incompatível com a renda do assessor. Ele trabalhava para Flávio, oficialmente, como motorista.

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Em maio, a Justiça do Rio autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal do senador e de Queiroz, atendendo um pedido do Ministério Público Estadual do Rio, junto com famliares de ambos e dezenas de outras pessoas que trabalharam com o então deputado estadual.

Um mês depois, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, suspendeu, a pedido da defesa de Flávio, todos os processos judiciais que tramitam no País onde houve compartilhamento de dados da Receita Federal, do Conselho de Controle de Atividades Financeiras e do Banco Central com o Ministério Público sem uma prévia autorização judicial.

Com a determinação do ministro, todos os casos que tratam do caso ficam suspensos até que o STF decida sobre a questão, incluindo o processo contra Flávio.

Em 30 de setembro, Gilmar Mendes decidiu suspender processos envolvendo a quebra do sigilo de Flávio no caso. A decisão de Gilmar atende ao pedido da defesa do filho do presidente, que alegava que processos que miram Flávio não foram devidamente suspensos, desrespeitando, portanto, a decisão de Toffoli.

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