Após audiência de custódia, nesta sexta-feira (9), Filipe Martins, ex-assessor da Presidência e um dos quatro presos na Operação Tempus Veritatis, continua em cárcere. Martins estava em sua casa, em Ponta Grossa, Paraná, quando a PF o abordou.
Além de Filipe, o tenente-coronel das Forças Especiais do Exército, Rafael Martins, o coronel do Exército e ex-assessor da Presidência, Marcelo Câmara também passaram por audiência e continuarão presos. O coronel Bernardo Romão Corrêa Netto, que, quando expedido o mandado estava fora do Brasil, ainda passará pelo processo.
"Apesar de estar submetido a uma prisão ilegal, desprovida dos requisitos básicos para a imposição da prisão preventiva, e após uma audiência de custódia realizada em desconformidade com os prazos estabelecidos pela legislação, o Sr. Filipe Garcia Martins Pereira continua privado de sua liberdade", afirmou a nota de João Vinícius Manssur, advogado de Filipe Martins.
Quem é Filipe Martins?
Nascido em Sorocaba, Filipe formou-se em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB). Ele entrou na assessoria especial para assuntos internacionais no começo do governo de Bolsonaro.
Martins atuava como intermediário entre o ex-presidente e o Ministério de Relações Exteriores. O assessor fazia parte da "ala ideológica" do governo e tinha a confiança dos filhos de Bolsonaro.
Acusações
De acordo com o relator dos mandados de prisão, ministro Alexandre de Moraes, Filipe Martins ocupava um importante cargo na cúpula que planejava um golpe de estado. O assessor de Bolsonaro teria apresentado ao ex-presidente uma minuta de teor golpista, decretando, assim, a prisão do presidente do senado, Rodrigo Pacheco, e até do próprio Moraes.
Nesse sentido, no pedido de prisão preventiva, Martins também atuava nas questões jurídicas, alinhando os textos do golpe com os interesses do grupo.
Como era próximo aos filhos de Bolsonaro, Filipe foi citado no inquérito das fake news como integrante do "gabinete do ódio". A equipe criou um esquema para disseminar notícias que botavam em dúvida questões como o processo eleitoral e a eficácia das vacinas.
Outra polêmica envolvendo o assessor foi quando, em uma transmissão de Pacheco, Martins, no plano de fundo, teria feito um gesto da supremacia branca. De acordo com acusações, ele simulou as letras "WP" com sua mão, que significam "White Power", ou "Poder Branco", em português.
Em 2021, denunciei em plenário o gesto NAZISTA do Filipe Martins. Mas, segundo ele, estava apenas ajeitando a lapela. A boa notícia é que agora essa lapela vai ficar impecável, com o tempo de sobra que ele terá para arrumá-la… pic.twitter.com/HVanIin2YG
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) February 8, 2024
A Justiça absolveu Filipe em primeira instância. Entretanto, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região derrubou a decisão e voltou a investigá-lo por racismo.
Assim como Bolsonaro, Martins viajou aos EUA após a vitória de Lula nas eleições em 2022 e só retornou no ano passado.