Quem é Javier Milei, conhecido como "Bolsonaro argentino"?

O candidato atraiu uma parte dos eleitores da direita e extrema direita, dando espaço a ideais essencialmente antiesquerda e anticomunistas

10 ago 2023 - 14h48
(atualizado às 15h30)

O deputado argentino Javier Milei, de 52 anos, candidato à presidência do país nas eleições de 2023, ganhou popularidade nos últimos anos por suas declarações "provocadoras" e propostas conservadoras. O economista liberal de extrema direita chegou a ser chamado de "Bolsonaro argentino", comparado também ao ex-presidente estadunidense Donald Trump.

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Foto: Reprodução/ Twitter / Perfil Brasil

Natural de Buenos Aires, Milei é filho de uma dona de casa e um motorista de ônibus. Formou-se em Economia e chegou a trabalhar no banco HSBC na Argentina. Foi participando de programas de rádio e televisão que passou a ser notado pelo público,; nestes, dizia que os políticos no país são "ratos" que formam uma "casta parasita" - pensamento que deu origem ao seu lema "contra a casta política".

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O partido do candidato, 'La Libertad Avanza', atraiu uma parte dos eleitores da direita e de quase toda a extrema direita argentina, dando protagonismo a ideais essencialmente antiesquerda e anticomunistas. Apesar disso, o deputado não se identifica totalmente como um extremista de direita; ainda assim, escolheu a deputada ultradireitista Victoria Villarruel como companheira de chapa.

Conforme reportado pela revista Piauí, Milei não defende diretamente a ditadura militar da Argentina, que aconteceu entre 1976 e 1983, mas está alinhado com seus defensores. Segundo ele, a esquerda "exagera o número de vítimas" da repressão do Estado nesse período e despreza os movimentos de mães e avós que tentam identificar os desaparecidos políticos e seus filhos. Também é a favor das armas, contrário à educação sexual nas escolas e ao aborto. No aspecto econômico, o candidato defende a extinção do Banco Central, a saída do Mercosul, a privatização "de tudo o que for possível" e a redução do tamanho do Estado.

O economista, porém, discorda de algumas premissas típicas da ultradireita. Ele é a favor do casamento gay, afirmando que é "um contrato como qualquer outro, desde que seja feito entre pessoas maiores de idade" e, por isso, não é um assunto do interesse do Estado. Também diz que não acredita no casamento - opondo-se ao discurso que celebra a família tradicional - e permanece solteiro por esse motivo.

Intenções de voto

Antes da divulgação dos nomes de Sergio Massa, Horacio Larreta e Patricia Bullrich como candidatos, permanecia a expectativa de que o economista ficaria entre os favoritos nas primárias de 13 de agosto. Em maio, Milei chegou a ficar à frente nas pesquisas para o primeiro, turno com cerca de 29% das intenções de voto, segundo dados do Centro Estratégico Latinoamericano de Geopolítica (Celag).

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Após a definição dos candidatos das coalizões de centro-direita e esquerda, porém, Milei perdeu espaço. As pesquisas publicadas depois do fechamento da lista de pré-candidatos mostram que o deputado teve uma queda brusca em intenções de voto, a menos de duas semanas para as Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (Paso).

Venda de cargos e candidaturas

Em julho, Javier Milei passou a ser investigado Ministério Público argentino por supostamente oferecer vagas em seu partido 'La Libertad Avanza' em troca de dinheiro. De acordo com informações da CNN Brasil, o procurador federal convocou  testemunhas que embasam a acusação contra ele, incluindo Rebeca Fleitas, deputada do partido em Buenos Aires, e a ex-militante Mila Zurbriggen.

O advogado Carlos Maslatón, que também foi convocado para depor, afirmou ter recebido denúncias sobre pedidos de dinheiro em troca de candidaturas de "operadores" do 'La Libertad Avanza'. Ele forneceu, ainda, nomes e casos concretos, e garantiu que um sistema de "franquia política" foi implementado no "espaço libertário". Após colher os depoimentos, o Ministério solicitou a quebra do sigilo bancário de Milei.

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