ESPECIAL PARA O ESTADÃO - Passagens aéreas mais baratas, reforma da previdência e fim do saque-aniversário no FGTS. Medidas anunciadas por ministros nos primeiros meses de governo Lula causaram mal-estar com o presidente petista, que deu uma "bronca" em sua equipe, em rede nacional, durante reunião realizada na manhã de terça-feira, 14.
Na ocasião, Lula reiterou que a "genialidade" de algumas propostas precisa passar pelo crivo da Casa Civil e das demais áreas responsáveis pela consolidação de medidas de governo. O enquadramento público ocorreu após alguns ministros anunciarem propostas e depois recuarem. Relembre os casos:
Passagens por R$ 200
O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB-SP), revelou que o governo estava analisando a implementação do programa "Voa, Brasil", que ofertaria passagens aéreas a R$ 200 para aposentados, estudantes e servidores públicos com renda de até R$ 6,8 mil. A medida, no entanto, não estava alinhada com o governo, conforme reconheceu o próprio ministro, que afirmou que haveria o financiamento pelos bancos públicos.
Após a reunião de terça-feira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), declarou que ainda não discutiu o assunto com França. O pessebista, por sua vez, disse que Lula estava certo e que era melhor o assunto ter sido avaliado pelo ministério de Costa.
'Antirreforma' da Previdência
Outro caso que não havia sido acordado com a Casa Civil partiu do ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT). Na primeira semana de governo, em janeiro, Lupi ressaltou a criação de uma comissão tripartite para avaliar a revisão da reforma da Previdência, uma espécie de "antirreforma" aprovada em 2019 pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na época, Rui Costa se pronunciou sobre o caso e disse que não havia nenhuma proposta sendo analisada ou pensada para mudar as regras de aposentadorias e pensões.
Fim do saque-aniversário
Aproveitando o ensejo dos primeiros dias de governo Lula, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, também adiantou propostas que ainda não haviam sido analisadas pelas áreas responsáveis do governo. Naquele momento, Marinho afirmou que o governo pretendia acabar com o saque-aniversário do FGTS.
A repercussão, no entanto, foi negativa e obrigou o ministro a recuar do pronunciamento e dizer que haveria um "amplo debate" com o Conselho Curador do FGTS e com as centrais sindicais sobre o tema. No início do mês, o ministro retomou o assunto e enfatizou que o saque "tem que acabar".