Réu confesso, pivô da 'Vaza Jato': quem é hacker que tentou clonar celular de Moraes

Walter Delgatti Neto já foi preso durante a Operação Spoofing em 2019, após invadir os celulares de diversas autoridades do País

8 fev 2023 - 16h19
(atualizado às 16h26)
Walter Delgatti
Walter Delgatti
Foto: Reprodução/YouTube/TV 247

Walter Delgatti Neto, hacker que confessou um plano para clonar o celular do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, já é conhecido na política brasileira. Isso porque ele é invasor confesso dos celulares do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, o senador Sergio Moro, de membros da força-tarefa da Operação Lava Jato e de outras autoridades. 

Em julho de 2019, Delgatti, conhecido como "Vermelho", foi preso pela Operação Spoofing, de combate a crimes cibernéticos, e confessou ter invadido os celulares de diversas autoridades do País. Na época, ele afirmou ter mantido contato com o jornalista Glenn Grenwald, do site The Intercept Brasil, que divulgou os diálogos atribuídos a Moro, a Deltan e a outros procuradores da Lava Jato. O hacker também disse que não cobrou contrapartidas financeiras para repassar os dados.

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Antes disso, ele já havia sido preso em 2015 por falsidade ideológica ao apresentar uma carteira vermelha alegando ser delegado da Polícia Civil diante de um furto de celular no parque Beto Carrero World, em Itajaí (SC). Ele também portava em seu carro arma e munições.

O hacker foi novamente preso em 2017, desta vez por tráfico de drogas e falsificação de documentos. Na ocasião, a polícia apreendeu em seu apartamento em Araraquara medicamentos de venda proibida e uma carteirinha de estudante da USP falsa. Em seguida, foi absolvido pela Justiça na acusação de tráfico em um primeiro momento, mas por ser reincidente foi condenado pelo TJ pelo crime. Ele já havia sido condenado pela falsificação do documento.

Delgatti também foi condenado em 2015 a um ano em regime aberto por ter utilizado o cartão de crédito de um idoso para pagar sua estadia em um hotel em Piracicaba, no interior de São Paulo. O hacker também foi condenado em 2018 por estelionato, por ter utilizado um cartão bancário furtado de um escritório de advocacia.

Atualmente, ele estuda Direito e aguarda em liberdade o julgamento do processo que é resultado da Operação Spoofing. O processo corre na Justiça Federal do Distrito Federal. 

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Provocações a alvos de ataques

Segundo o Planalto divulgou em 2019, Walter Delgatti Neto tinha uma conta em seu nome no Twitter em que foram publicadas diversas provocações contra os alvos dos ataques daquele ano. Inativo entre 2011 até maio de 2019, dias antes de virem a público as primeiras notícias sobre conversas entre Moro e Dallagnol, a conta associada ao hacker passou a ser bastante movimentada com o "caso Moro".

Além da replicação de notícias sobre os vazamentos, no perfil associado a Delgatti havia piadas e pedidos para que Moro renunciasse ao cargo. Na conta também tinham publicações e retweets de críticas e ataques a Bolsonaro. Entre as publicações estavam retweets de notícias de páginas de opositores do ex-presidente e influenciadores associados às esquerdas. Também eram endossadas publicações de perfis que chamavam o ex-presidente de "cretino" e faziam ironias.

Em julho de 2019, também foi publicada na conta, sem legenda, uma montagem em que o rosto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia aparecia com uma coroa, no corpo do rei Luiz I da Hungria. O perfil também tinha críticas a veículos de comunicação, reclamações sobre operadoras de telefonia e piadas sobre Stranger Things, série da Netflix.

Atração em presídio

Quando preso devido ao acesso às mensagens da Lava Jato, Delgatti virou a maior atração da chamada Ala das Autoridades do Complexo Penitenciário da Papuda. Ele era procurado por políticos e autoridades que estavam presos na mesma ala para contar o que leu nas conversas interceptadas nos celulares dos principais atores da operação, cuja atuação colocou boa parte daquele público atrás das grades.

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Na época, ele passou a ser o centro das atenções durante o banho de sol e fazia rodas de conversa para falar sobre as mensagens das autoridades - algumas delas revelando segredos da República. O hacker critica criticava as reportagens publicadas pelo Intercept. Segundo ele, o site privilegiava conversas que implicavam Moro e estaria deixando de publicar informações comprometedoras sobre procuradores.

A um interlocutor, ele chegou a dizer que após ter lido as mensagens passou ter mais "pavor" da figura do procurador Deltan Dallagnol do que de Moro, chegando a "se arrepiar" toda vez que escutava o nome do à época coordenador da Lava Jato em Curitiba.

 

Fonte: Redação Terra
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