Um relatório divulgado por diversos veículos de imprensa americanos nesta terça-feira (10/01), que estaria em poder das agências de inteligência do país, sugere que a Rússia teria informações comprometedoras sobre a vida privada e financeira do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Moscou, por sua vez, nega as informações e diz que o relatório é uma farsa.
Horas após relatos de que Trump teria sido informado por autoridades de inteligência sobre a existência do dossiê, o portal de notícias BuzzFeed News publicou um resumo do conteúdo. No entanto, o editor-chefe da página fez a ressalva de que haveria razões para questionar a veracidade do documento, uma vez que as informações não puderam ser totalmente verificadas.
Os diretores das principais agências de inteligência teriam apresentado o dossiê para Trump e para o atual presidente, Barack Obama, na semana passada, em meio às especulações de uma suposta interferência russa nas eleições presidenciais americanas.
Um ex-agente da inteligência britânica que teria elaborado o conteúdo do relatório teria assegurado que as informações seriam suficientes para "chantagear" o presidente eleito. Segundo a imprensa americana, o ex-agente teria credibilidade perante as agências de segurança.
Perversão e ciberataques
Segundo o portal Mother Jones, o dossiê teria sido produzido como parte de uma pesquisa encomendada por um membro do Partido Republicano que se opunha a Trump, sendo posteriormente financiada por integrantes do Partido Democrata. O Mother Jones já havia publicado um artigo sobre o relatório em outubro, afirmando que este teria sido entregue pelo ex-agente ao FBI.
O documento incluiria denúncias de informações obtidas ilegalmente sobre adversários, além de provas recolhidas pelos serviços de inteligência russos sobre uma suposta "perversão sexual" de Trump em uma suíte de um hotel em Moscou, envolvendo prostitutas.
As autoridades russas teriam oferecido a Trump diversos negócios imobiliários relacionados, especialmente, à Copa do Mundo de 2018 na Rússia. O presidente eleito teria rejeitado as propostas.
Trump e seus assessores, porém, teriam aceitado receber informações obtidas pela inteligência russa através de ataques cibernéticos sobre os democratas e a candidata à presidência Hillary Clinton.
O relatório sugere que Michael Cohen, um colaborador de Trump, teria se reunido em Praga, na República Tcheca, com autoridades russas para concretizar a troca de informações.
Moscou nega denúncias
Trump rebateu as denúncias em seu perfil no Twitter, afirmando se tratar de "notícias falsas" e se dizendo vítima de uma "total caça às bruxas política". O presidente eleito questionou em diversas ocasiões as conclusões das agências de inteligência americanas.
Cohen também usou a rede social para se defender, publicando uma fotografia de seu passaporte com a mensagem "Nunca em minha vida estive em Praga" e a hashtag "notícias falsas".
Nesta quarta-feira, Moscou negou que tivesse informações comprometedoras sobre Trump ou Hillary. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o relatório é uma farsa cujo objetivo seria causar danos às relações bilaterais entre os EUA e a Rússia.
Em dezembro, Obama anunciou novas sanções econômicas contra a Rússia, envolvendo agências de inteligência, indivíduos e empresas de segurança de computadores, além de expulsar 35 diplomatas do país.