Saiba quem são os empresários bolsonaristas que fazem parte do grupo de WhatsApp que defendia golpe

Entre as mensagens do grupo revelado pelo site 'Metrópoles', estavam algumas que defendiam um golpe em caso de vitória de Lula sobre Bolsonaro nas eleições de outubro; 'Estadão' procurou todos os nomes citados

18 ago 2022 - 19h51
(atualizado em 19/8/2022 às 12h22)

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 18, para conseguir a quebra de sigilo de um grupo de empresários bolsonaristas no WhatsApp. Segundo reportagem do portal Metrópoles, eles teriam defendido, na troca de mensagens, um golpe de estado para manter o presidente Jair Bolsonaro (PL) no Planalto.

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o empresário Luciano Hang, da Havan, seria um dos participantes do grupo de mensagens de apoio a um golpe de Estado. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em comum, vários desses empresários têm o apoio de longa data a Bolsonaro e também a defesa de medicamentos sem eficácia comprovada para a covid-19, durante o período mais agudo da pandemia.

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Saiba mais sobre os empresários citados abaixo:

Luciano Hang

Empresário Luciano Hang presta depoimento à CPI da Covid no Senado
29/09/2021
Senado Federal/Edilson Rodrigues/Divulgação via REUTERS
Empresário Luciano Hang presta depoimento à CPI da Covid no Senado 29/09/2021 Senado Federal/Edilson Rodrigues/Divulgação via REUTERS
Foto: Reuters

O empresário Luciano Hang é fundador da rede varejista Havan. Bolsonarista e amigo de Jair Bolsonaro (PL), Hang costuma dar declarações favoráveis ao presidente e é frequentemente visto usando camisetas ou ternos com as cores da bandeira do Brasil, em sinal de apoio ao governo.

Durante a pandemia de covid-19, o empresário promoveu tratamentos sem comprovação científica, criticou a vacina coronavac e prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, depois que um dossiê apontou que a declaração de óbito da mãe do empresário, Regina Hang, foi "fraudada" e "omitiu o real motivo do falecimento", que seria por covid-19. Regina faleceu em fevereiro de 2021.

Hang aparece na lista de mais ricos do mundo da Forbes. Hoje, sua fortuna é estimada em US$ 4,8 bilhões. O executivo vem tentando abrir o capital da companhia, sem sucesso.

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Procurada, a assessoria de imprensa de Hang afirmou: "Vejo que meu nome vende jornal e gera cliques. Me envolvem em toda polêmica possível, mesmo eu não tendo nada a ver com a história. Em momento nenhum falei sobre os Poderes. Inclusive, quase nunca me manifesto nesse grupo. Sou pela democracia, liberdade, ordem e progresso."

Afrânio Barreira

Afrânio Barreira é proprietário do Coco Bambu e apoiador de Bolsonaro
Foto: Tadeu Brunelli/Estadão

Afrânio Barreira é fundador da rede de restaurantes cearense Coco Bambu, especializada em frutos do mar, que tem 64 unidades em vários Estados. O negócio foi criado em Fortaleza, em 1989, e começou a se expandir para outras regiões do País nos últimos dez anos.

O empresário é apoiador do presidente Jair Bolsonaro e, em meio ao fechamento de estabelecimentos comerciais na pandemia, defendeu o afrouxamento do isolamento social e o uso da cloroquina no tratamento da covid-19, medicamento que nunca teve eficácia comprovada contra a doença.

Afrânio Barreira é proprietário do Coco Bambu e apoiador de Bolsonaro. Foto: Tadeu Brunelli/Estadão

Procurado, Barreira afirmou: "Participo de vários grupos com colegas e amigos que tratam de diversos assuntos, e, as vezes, de política. Com frequência me manifesto com reações em 'emoticon' a alguma mensagem, sem necessariamente estar endossando seu teor ou ter lido todo o seu conteúdo."

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Ele continuou: "São centenas de grupos, milhares de mensagens e publicações para serem lidas e respondidas todos os dias. Dito isto, ratifico que meu apoio é pelo processo eleitoral que começou nesse mês de agosto. Por fim, informo que não tenho contato com integrantes do Governo Federal, ou mesmo com o presidente, para qualquer tipo de pauta política. Não sou político, sou um empresário e cidadão."

Meyer Nigri

Empresário Meyer Nigri teve longa internação por complicações da covid-19
Foto: Christina Rufatto/Estadão

O empresário Meyer Nigri é fundador e controlador da empresa do setor imobiliário Tecnisa. Amigo pessoal de Bolsonaro, foi um dos primeiros empresários de expressão nacional a apoiar Bolsonaro, ainda na campanha de 2018. De lá para cá, Nigri ganhou trânsito livre em Brasília e articulou propostas.

Em 2020, Nigri foi contaminado pelo coronavírus em m jantar com amigos do presidente Jair Bolsonaro na Embaixada de Israel, em Brasília. Ele ficou 160 dias internado, 16 dias completamente sedado, com a ajuda de aparelhos para respirar. Quando saiu, pesava 38 quilos a menos. O empresário saiu do hospital de cadeira de rodas e fez sessões de fisioterapia para voltar a andar.

Empresário Meyer Nigri teve longa internação por complicações da covid-19 Foto: Christina Rufatto/Estadão

Procurado, Nigri disse à reportagem: "Você acha que eu to planejando golpe de Estado? Pelo amor de deus. Não tenho o que explicar."

José Isaac Peres

Fundador e controlador da gigante dos shoppings Multiplan, José Isaac Peres está entre os bilionários brasileiros, com fortuna avaliada pela Forbes em US$ 1,2 bilhão. A Multiplan é uma das maiores empresas de shoppings do país, com 20 unidades, mais de 5.800 lojas e cerca de 190 milhões de visitas ao ano.

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Em meio à pandemia, o empresário classificou as determinações de autoridades para fechar o comércio como radicalismo. Ele afirmou que as pessoas ficaram "paralisadas pelo 'pânico' causado pelos meios de comunicação, enquanto outras foram 'impedidas' de trabalhar por autoridades em meio à 'politização' na condução da crise", segundo suas palavras.

Procurado, Peres disse "que sempre teve compromisso com a democracia, com a liberdade e com o desenvolvimento do País."

Marco Aurélio Raymundo

Mais conhecido pelo apelido Morongo, o médico gaúcho Marco Aurélio Raymundo fundou a marca de surfwear Mormaii. Há mais de 40 anos no mercado, a marca é ligada aos esportes de ação e à cultura do surfe e conta com dezenas de lojas franqueadas, além de studios fitness e quiosques. No total, a Mormaii tem mais de cinco mil produtos com o nome da marca. Marco Aurélio Raymundo é presidente da empresa.

Procurado, através de sua assessoria, Morongo informou que aguardará o fim das publicações para se manifestar sobreo caso. "O Morongo lamenta profundamente e repudia a postura de profissionais que distorcem os fatos e não levam a notícia ao público com veracidade. Por discordar completamente dessa condução de fatos, opta por aguardar a finalização da publicação da série de reportagens que foram anunciadas para tecer quaisquer considerações a respeito", declarou em nota.

André Tissot

André Tissot é presidente do Grupo Sierra, reconhecido internacionalmente pela produção de móveis de luxo de madeira. Criado em 1990, em Gramado (RS), o grupo ficou 32 dias com as atividades paralisadas em meio à pandemia, mas disse ter sido beneficiada pelo aumento demanda, à medida que, por causa da própria pandemia, as pessoas ficaram mais em casa.

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Procurado, Tissot não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

José Koury

José Koury é proprietário do shopping Barra World, no Rio de Janeiro. O empresário atua no mercado imobiliário da cidade. Em abril, participou de almoço de empresários cariocas com o presidente Jair Bolsonaro.

Procurado, Koury não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

Ivan Wrobel

O empresário Ivan Wrobel é dono da construtora de imóveis de alto padrão W3 Engenharia, com atuação principalmente na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo o Metrópoles, no grupo de mensagen no Whatsapp, o empresário se apresentou como eleitor de Jair Bolsonaro desde seu segundo mandato como deputado.

Procurado, Wrobel não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

Vitor Odisio

Vitor Odisio se apresenta nas redes sociais como CEO da Thavi Construction, engenheiro, coach, mentor e empreendedor social.

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Procurado, Odisio não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

Carlos Molina

Carlos Molina é fundador e sócio-diretor da empresa Polaris, que presta serviços de auditoria, pesquisa e consultoria de processos, com especialização na auditoria, acompanhamento e avaliação dos serviços executados por prestadores terceiros.

Procurado, Molina não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

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