Em sua persistência para que os Estados Unidos repassem dinheiro ao Brasil para financiar ações de proteção ambiental, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, cobrou o presidente americano Joe Biden sobre a afirmação que deu em setembro do ano passado, durante a campanha eleitoral, de que poderia injetar US$ 20 bilhões na proteção da Amazônia.
"Não estamos sequer pedindo os US$ 20 bilhões. US$ 1 bilhão para essa operação de comando e controle (ação de fiscalização policial na floresta) junto desse incentivo econômico terá, sim, bastante condição de reduzir substancialmente o desmatamento ilegal naquela região em 12 meses", comentou o ministro, logo após o fim do discurso feito pelo presidente Jair Bolsonaro, durante a abertura da cúpula do clima.
No dia 29 de setembro do ano passado, durante o primeiro debate eleitoral das eleições americanas, Biden afirmou que iria reunir países e doar US$ 20 bilhões para a proteção da região amazônica. Sem mencionar o governo Bolsonaro, Biden disse ainda que, caso a destruição da Amazônia continuasse, haveria "consequências econômicas significativas".
"A floresta tropical no Brasil está sendo destruída", criticou o democrata. "Parem de destruir a floresta e, se não fizer isso, você terá consequências econômicas significativas", completou, indicando possíveis retaliações ao governo brasileiro.
No dia seguinte, Bolsonaro reagiu e disse que a declaração foi "gratuita e desastrosa". Em suas redes sociais, Bolsonaro afirmou, em português e inglês, que a soberania brasileira é "inegociável" e avaliou que a declaração sinalizava "claramente abrir mão de uma convivência cordial e profícua" entre os dois países.
Hoje, Ricardo Salles cobrou ainda a regulamentação de normas previstas no Acordo de Paris para negociações atreladas ao mercado de carbono, que permite que países que poluem mais possam comprar créditos de controle de emissões de outros países.
"O Brasil acumulou créditos, entre 2006 e 2017, de 7,8 bilhões de toneladas de carbono. O Brasil já tem esse crédito. Se esses créditos fossem conhecidos e pagos no mesmo parâmetro que é praticado na Califórnia, o Brasil teria um crédito de US$ 133 bilhões. Desses, nós recebemos apenas US$ 1 bilhão até hoje", disse o ministro.
"O Brasil receber, portanto, esse apoio de mais US$ 1 bilhão é bastante razoável. É um número que está muito aquém dos US$ 132 bilhões em crédito de carbono e também se insere dentro da ajuda muito bem vinda que foi oferecida pelo presidente Biden durante a campanha, no volume de US$ 20 bilhões."