Um sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) foi picado por uma jararaca enquanto participava de uma ação humanitária ao povo Yanomami, em Surucucu, Roraima. A força-tarefa é realizada devido a crise sanitária que os indígenas enfrentam na região.
De acordo com a FAB, o caso ocorreu na noite de terça-feira, 1º, enquanto os militares estavam no polo base de referência em saúde da Terra Yanomami. O militar pertence ao efetivo do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV).
Diante da situação, ele recebeu os primeiros atendimentos pela equipe médica do Pelotão de Fronteira, que realizou a estabilização do quadro por meio de aplicação do soro antiofídico. Em seguida, o sargento foi encaminhado para a Base Aérea de Boa Vista, num helicóptero H-60, do Exército Brasileiro (EB), também envolvido na Operação.
Na base de Boa Vista, ele foi recebido pela equipe do Grupamento de Saúde (GSAU), e encaminhado para o Hospital Geral de Roraima (HGR). Ainda de acordo com a FAB, ele se encontra estável.
Entenda a crise sanitária
O Ministério de Direitos Humano fez um levantamento da gestão anterior e informou que o governo de Jair Bolsonaro (PL) ignorou recomendações de órgãos internacionais sobre situação dos yanomami. O documento foi encaminhado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Foram ao menos 22 casos em que o governo do ex-presidente omitiu violências ou ignorou recomendações feitas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O documento analisou os dados dos anos de 2019 a 2022.
As omissões incluem situações como descumprimento de exigências judiciais, incluindo uma situação em que o ministério ignorou a primeira morte por covid-19 entre os Yanomami. Ao invés de investigar as condições sanitárias e de contaminação dos povos originários, reduziu o problema a uma questão que deveria ser resolvida apenas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e à Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), evidenciando a falta de empatia e sensibilidade com os indígenas.
O documento inclui sete processos administrativos de conhecimento da pasta, tendo sido produzido com base em informações oficiais. Na segunda-feira, 30, o levantamento foi encaminhado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, a fim de que os fatos sejam investigados. A iniciativa também implicará na responsabilização de agentes que promoveram ações deliberadas contra a dignidade humana na gestão passada.
Entre os processos levantados pelo MDHC constam, ainda, negativa de assistência humanitária ao governador do Estado de Roraima e a suspensão de policiamento ostensivo em favor do indígena Davi Kopenawa, integrante do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos da pasta, expondo-o a atentado em novembro de 2022. (* Com informações do Estadão Conteúdo)