Candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, concedeu uma entrevista de 1 hora para o pool formado pelo Terra, Estadão/Rádio Eldorado, SBT, CNN Brasil, Veja e Rádio Nova Brasil nesta sexta-feira, 14. Para esta noite estava previsto um debate com o candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos), que depois de confirmar a presença ao encontro, declinou do convite, alegando problemas de agenda de sua campanha.
A sabatina, que contou com dois blocos, teve sete perguntas de jornalistas do pool com resposta de dois minutos e meio. Haddad aproveitou bem a oportunidade para alfinetar o adversário --que lidera as pesquisas eleitorais--, tanto por sua desistência de última hora como por sua gestão como ministro de Infraestrutura no governo Bolsonado.
"Lamento muito a decisão de última hora do meu adversário", iniciou Haddad. "Ainda mais tendo recém-chegado a São Paulo", completou, mencionando o fato de o candidato ser do Rio de Janeiro.
"Defender projetos no confronto de ideias daria a você a oportunidade de verificar o que é melhor para sua família. Muitos paulistas estão em uma situação difícil, na fila do SUS, com dificuldades na educação. A falta de embate de ideias tira de você a oportunidade de escolher o melhor caminho para São Paulo", acrescentou.
Ainda no primeiro bloco, Haddad também mencionou o adversário ao ser questionado sobre baixar o pedágio no Estado. Segundo o ex-prefeito de São Paulo, Tarcísio baixou o valor do pedágio quando fez a licitação da Rodovia Presidente Dutra somente no trecho do Rio de Janeiro, deixando São Paulo de fora. “Isso não é uma prática transparente. Foge da licitação, não é comum, enseja suspeita. Por que a prorrogação de um contrato que não traz benefícios para o usuário?”, questiona.
O petista ainda disse que o governo atual não fez isso, e prorrogou contratos mantendo o valor. "Na época, ele [Tarcísio] não estava pensando em mudar para São Paulo e ser candidato a governador. Ele é nascido no Rio, criado no Rio, formado no Rio, e estava com atenção voltado aos cariocas, e não nos brasileiros”, alfinetou.
Críticas a Bolsonaro
E as críticas de Haddad não se restringiram a Tarcísio. Aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o petista também mirou no presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa a reeleição para o Palácio do Planalto.
Haddad analisou como acha que seria uma relação entre governo estadual e União caso ele seja eleito ao cargo em SP e Bolsonaro seja reeleito. "Para mim, é obvio que prefiro que Lula seja eleito, mas [caso Bolsonaro seja reeleito] defenderei os interesses de São Paulo em 1º lugar. Sempre fui capaz de ter independênca suficente pra defender os interesses da população", afirmou Haddad, respondendo uma pergunta da colunista de política no Terra, Tatiana Farah.
Mas o petista não poupou ataques ao governo Bolsonaro em questões sobre corrupção e déficit habitacional. "Nunca um superintendente da Polícia Federal foi mudado de local para proteger filho do presidente", afirmou, citando uma denúncia de Sergio Moro, ex-ministro de Bolsonaro, que o chefe do Executivo teria mexido no poder da PF para blindar os filhos de investigações sobre corrupção.
Reforça legado como ministro e exalta Lula
Relembrando o tempo em que foi ministro da Educação no governo Lula, Haddad aproveitou para exaltar seu trabalho e não poupou críticas à atual gestão do MEC. "Bolsas do Prouni, 700 mil bolsas [foram entregues] só no Estado, e mais de 3 milhões no país. A maior expansão das universidades federais no Brasil, Institutos Federais”, afirma ao enfatizar que promoveu a maior expansão da educação básica e superior enquanto era ministro.
"Fiquei sete anos, e não é como hoje, que em quatro, teve cinco ministros, um saiu preso" disse ao citar prisão de Milton Ribeiro, que ocorreu em junho deste ano, após suspeita de integrar esquema de ilegalidades na pasta.
O petista também exaltou o aliado Lula e enfatizou programas sociais de seu governo. "O drama das famílias paulistas, e brasileiras, vieram depois que acabaram o [programa social] Minha Casa Minha Vida", afirmou, exaltando política do PT. "Me comprometo a dobrar os recursos para moradia em São Paulo e retomar o CDHU, que o governo federal extinguiu".
Ataques ao centrão
Por fim, Haddad afirmou que, se eleito, vai acabar com o centrão do Estado. "A primeira providência que vou tomar é pedir para que o Centrão saia do governo. O centrão não está no governo por razões técnicas, é por outras razões, não vou tolerar esse tipo de toma lá da cá, assim como não tolerei quando era prefeito de São Paulo", disse ele.
“Fico atônito de ver como meu adversário [Tarcísio de Freitas] diz, com todas as letras, que a turma do centrão virá para o Estado, inclusive com o orçamento secreto, que ele diz que não dá para contornar. Podemos ter na primeira vez na história um governo de coalizão no estado que não precise centrão para governar”, acrescentou.