BRASÍLIA - Em busca do apoio de senadores, o subprocurador Augusto Aras, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a Procuradoria-Geral da República (PGR), adotou um discurso de que o órgão precisa estar comprometido com a economia do País, e não apenas com o combate à corrupção.
Em seu périplo por gabinetes no Senado - o subprocurador pretende visitar os 81 -, Aras afirmou nesta quinta-feira, 12, que tem passado a mensagem aos parlamentares, responsáveis por aprovarem a sua indicação ao cargo.
"Eu tenho apenas conversado com os senadores sobre o nosso pensamento acerca de um Ministério Público moderno, capaz de atender às grandes necessidades de um Brasil novo, que exige não somente combate à corrupção, mas também exige o destravamento da economia", disse Aras, em rara declaração a jornalistas antes de visitar o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) em seu gabinete.
Conforme o Estadão/Broadcast mostrou, os argumentos de Aras têm agradado a senadores até mesmo da oposição ao governo de Jair Bolsonaro. O escolhido para o cargo tem criticado o que parlamentares classificam como "onda positivista" de procuradores.
Aras se reuniu nessa quarta, 11, com a bancada do PT na Casa. O discurso contra uma conduta considerada "punitivista" do Ministério Público e de independência em relação ao governo agradou aos parlamentares petistas.
O vice-líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), afirmou que poderia dar um voto favorável ao subprocurador caso houvesse uma avaliação positiva. "Ajuda alguém que opera o direito, que seja capaz de fazer justiça respeitando a lei. Essa constatação só no contato pessoal", disse Carvalho.
Na terça, Aras foi recebido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e por outros líderes da Casa. Na ocasião, defendeu uma "Lava Jato positiva", que não criminalize a política. De acordo com relatos de senadores, o indicado pregou um Ministério Público Federal "moderno e clássico", com unidade nos posicionamentos e que ajude o desenvolvimento do País, sem cor ideológica.
Segundo parlamentares, o subprocurador disse que o formato da Lava Jato pode ter levado a prejuízos, não só para reputações, mas para a economia.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) avaliou que Aras "se colocou muito bem". "Ele disse que a Lava Jato teve um ponto em que extrapolou o limite da lei e cometeu excessos, sem citar nomes", disse.
Para ser efetivado no cargo, Aras será sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça e precisa do apoio de pelo menos 41 dos 81 senadores. A sabatina deve ser feita no próximo dia 25.