Milhares de sul-coreanos protestaram diante da embaixada do Japão em Seul nesta quarta-feira, e autoridades municipais inauguraram um novo memorial às "mulheres de consolo" dos tempos de guerra, que estão no cerne de uma disputa que envolve a história compartilhada pelos dois países.
O dia de rememoração das mulheres forçadas a trabalhar em bordéis militares japoneses nos tempos de guerra ocorreu em meio a uma renovação das tensões provocadas por desavenças políticas e econômicas que remontam à ocupação colonial japonesa da península coreana entre 1910 e 1945.
"O dia de hoje é particularmente significativo", disse Choi Kyun-kee, líder do protesto diante da embaixada, que organizadores disseram ter reunido até 20 mil pessoas. A polícia não confirmou a estimativa.
Tóquio emitiu um alerta de viagem aos seus cidadãos por causa das manifestações na capital da Coreia do Sul, onde protestos estão sendo planejados para a quinta-feira para comemorar a independência do país do Japão.
Os laços entre os dois aliados dos Estados Unidos se deterioraram desde que a Suprema Corte sul-coreana ordenou no ano passado que empresas japonesas indenizem algumas mulheres forçadas a trabalhar durante a guerra.
O Japão diz que a questão da indenização às "mulheres de consolo" foi resolvida por um tratado de 1965 que estabeleceu laços diplomáticos.
Conforme um acordo de 2015, o Japão pediu desculpas e deu o equivalente a 9 milhões de dólares a um fundo para ajudar as mulheres.
A Coreia do Sul desativou o fundo no ano passado, dizendo que era falho, e anunciou que o dia 14 de agosto seria um "Dia de Lembrança das Vítimas das Mulheres de Consolo das Forças Japonesas".
Diante da embaixada do Japão em Seul, manifestantes exigiram que Tóquio suspenda as restrições às exportações de certos materiais de alta tecnologia da Coreia do Sul, o que Seul vê como uma retaliação pela disputa a respeito das "mulheres de consolo". O Japão citou razões de segurança para os limites.
"Pedimos uma desculpa do Japão durante muito tempo, mas eles continuam não assumindo seu passado", disse Noh Min-ock, estudante de 19 anos que se uniu a outros que gritavam frases de efeito e acenavam com bandeiras na frente da embaixada.
Em outra parte de Seul, autoridades municipais inauguraram uma nova estátua doada por um grupo de coreanos-norte-americanos para lembrar as mulheres forçadas a trabalhar em bordéis militares japoneses.
As estimativas variam muito, mas historiadores dizem que milhares de mulheres, muitas delas sul-coreanas, podem ter sido envolvidas. Atualmente há 20 "mulheres de consolo" sobreviventes registradas pelo governo sul-coreano.