O caso de Suzane von Richthofen abalou o Brasil em 2002 com o assassinato de seus pais, Manfred e Marísia von Richthofen, em um crime planejado juntamente com os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos. Na época, o caso gerou uma intensa cobertura midiática e discussões sobre os aspectos psicológicos e judiciais envolvidos. Em 2024, Suzane, agora com 42 anos, convocou a atenção novamente ao tentar ingressar no serviço público através de um concurso para o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Recentemente, ela participou do concurso para o cargo de técnico do TJSP em Bragança Paulista, onde reside com o marido e o filho. A competição por uma das três vagas disponíveis era acirrada, contudo, ela não conseguiu classificação para a segunda fase. O processo seletivo exigia uma pontuação mínima de 73 em uma escala de 100 pontos para seguir adiante, mas os detalhes sobre seu desempenho específico não foram divulgados publicamente, permanecendo restritos ao candidato.
O processo seletivo e os desafios enfrentados por Suzane von Richthofen
A primeira fase do concurso envolvia uma prova escrita, e a segunda fase consistia em um exame de digitação e formatação de texto. Apesar de treinar diariamente para esta etapa, Suzane não a alcançou. O cargo oferecido exige ensino médio completo e uma série de habilidades, como organização administrativa e atendimento ao público, com um salário inicial de R$ 6.043.
A tentativa de Suzane de participar do concurso público não é o seu primeiro esforço para reintegração profissional. No ano anterior, ela havia se inscrito em um concurso para telefonista na Câmara Municipal de Avaré, mas desistiu devido à pressão midiática. Desde sua liberação para o cumprimento de pena em regime aberto, ela enfrentou questões jurídicas complexas, especialmente relacionadas à sua condenação e aos requisitos morais necessários para assumir cargos públicos.
Incrível como a banalização do mal vira espetáculo. Transformar Suzane von Richthofen em 'famosa' é um insulto à memória das vítimas e às famílias que sofreram com crimes bárbaros. Essa glamourização de assassinos só reflete uma sociedade cada vez mais insensível e obcecada por…
— Lucas Augusto 🇧🇷 𝕏 (@splucasaugusto) November 24, 2024
Apesar de sua tentativa de se reintegrar à sociedade através do emprego público, Suzane encara obstáculos legais significativos. O edital do TJSP inclui requisitos de "boa conduta" e exige a apresentação de documentos específicos, incluindo antecedentes criminais e declarações sobre possíveis investigações pendentes. Esses requisitos formam uma barreira potencial para indivíduos com histórico criminal comprovado, como no caso de Suzane.
Adicionalmente, se classificasse para o cargo, a possibilidade de ela trabalhar no mesmo fórum onde seu processo de execução penal tramita levantaria debates éticos e jurídicos. Atualmente, vivendo sob regime aberto, Suzane tem sua liberdade monitorada com restrições que incluem permanência em casa durante a noite e a proibição de frequentar certos locais.
Para manter sua progressão de pena, o sistema judiciário exige que Suzane continue seu tratamento psiquiátrico e psicológico. Avaliada por meio de testes de Rorschach, ela foi diagnosticada com traços como narcisismo e impulsividade, o que reforça a necessidade de tratamento contínuo. O Estado controla esse acompanhamento, exigindo que os laudos sejam assinados por profissionais públicos para assegurar o cumprimento das obrigações judiciais.