Deysi Cioccari, doutora em Ciências Políticas, conversou com Cazé Pecini no programa Terra Agora desta quinta-feira, 19, e refletiu sobre os episódios de violência verbal e física que aconteceram nos últimos debates à Prefeitura de São Paulo das Eleições 2024.
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Em um dos casos de maior destaque, o candidato José Luiz Datena (PSDB) arremessou uma cadeira em Pablo Marçal (PRTB) após um confronto entre eles. Para a cientista, a estratégia de atacar o adversário é para o político “aparecer” na disputa.
“Estamos vivendo em uma sociedade onde o que importa é aparecer. Vou dar o exemplo bem direto do Pablo Marçal, o que eles fazem para aparecer. Isso é bem explicado em um livro chamado Corruptíveis, do Brian Klaas, um dos maiores cientistas políticos do mundo. Em ambientes onde a moderação não satisfaz mais os eleitores, a violência acaba se sobressaindo. Foi isso que o Pablo Marçal fez durante essa campanha”, iniciou a convidada do Terra Agora.
Deysi também relembrou uma atitude de Marina Helena (NOVO). No debate promovido pela Rede TV! em parceria com o UOL, a candidata acusou Tabata Amaral (PSB) de usar jatinho particular para encontrar o namorado e correligionário, o prefeito do Recife, João Campos.
“A Marina Helena, se repararmos no último debate, ele tentou usar um tom mais agressivo com a Tabata, mas não deu muito certo”, destacou.
A cientista política, no entanto, vê o comportamento dos candidatos como uma resposta à sociedade, que opta pelo comportamento mais agressivo do que pelo debate de ideias.
“Mas a gente vive nessa sociedade onde há uma certa espetacularização, inclusive, da política. A gente deveria estar discutindo a fumaça, obras subterrâneas. Mas estamos assistindo esse reducionismo. É muito mais fácil entender uma lacração ou reducionismo do que uma explicação sobre o PIB ou obras subterrâneas. Então, tem uma mudança da sociedade que acaba pedindo esse tipo de comportamento. Os políticos dão o que a sociedade quer, infelizmente”, seguiu.
Para frear o comportamento agressivo e os ataques, Deysi reforçou a importância do endurecimento das regras, principalmente com o corte dos microfones em caso de exaltação ou violência verbal.
“A única possibilidade que vejo é o endurecimento das regras. Tem que cortar o microfone. Chegamos em um ponto em que simplesmente estabelecer as regras não adianta mais. Não dá pra extinguir os debates. O debate é um bem pra sociedade. O endurecimento das regras e um mediador que seja forte e tenha liberdade para cortar o microfone são essenciais para essa democracia. Vai ter o discurso lacrador de ‘foi censura’. Mas não sabe se comportar, então que se endureça as regras”, completou.