Testemunha do caso envolvendo as denúncias de assédio sexual e moral contra o vereador do Rio Gabriel Monteiro (PL), o ex-assessor parlamentar Heitor Monteiro, de 21 anos, disse ao Estadão que pretende solicitar reforço na segurança após a morte de Vinícius Hayden Witeze, em um acidente na estrada na Região Serrana fluminense: "Estou correndo perigo", afirmou. Os dois foram os primeiros depoentes ouvidos pelo Conselho de Ética da Câmara Municipal no processo de quebra de decoro do parlamentar. Os depoimentos foram prestados três dias antes de Witeze capotar com o carro que dirigia, na noite de sábado, 28. O ex-assessor morreu no local da capotagem, de traumatismo craniano.
Heitor Monteiro editava vídeos do ex-PM e Youtuber, enquanto estava lotado no gabinete do vereador. Após as primeiras denúncias contra o parlamentar, procurou a Polícia. Relatou supostos casos de assédio sexual e moral por parte de Gabriel Monteiro. Também revelou supostas orientações para manipulação dos vídeos que o parlamentar publica em seu canal no YouTube. Encarregado de elaborar dossiês sobre outros políticos, Witeze também fez acusações contra o parlamentar. Gabriel Monteiro nega as acusações, atribuindo-as a questões políticas.
"Eu confirmei tudo aqui hoje. Meu compromisso é com a verdade. Tudo o que eu disse na delegacia eu reafirmei aqui. Tenho recebido ameaças, vou registrar na delegacia e tenho andado com seguranças", disse após depoimento que durou cerca de três horas.
O Conselho de Ética da Câmara vai se reunir nesta terça-feira, 31. Vai prosseguir com o processo contra Gabriel Monteiro e avaliar possíveis medidas de proteção às testemunhas após a morte de Witeze.
Em nota divulgada no domingo, 29, a Polícia Civil afirmou que "os agentes realizaram perícia no local e tudo indica para a perda de direção do motorista ao adentrar na curva existente na rodovia. A sobrevivente foi ouvida e descartou qualquer tipo de intervenção de terceiros. Diligências estão em andamento para apurar as circunstâncias do acidente."
O caso é investigado pela 110ª DP (Teresópolis), que já ouviu a mulher que estava no carro. Segundo a Polícia, ela descartou a hipótese de uma terceira pessoa ter provocado o acidente. O nome da testemunha é mantido em sigilo.