A poucas horas de seu início, sabe-se pouco sobre a cúpula histórica em Cingapura. Duração, formato e conteúdo são mistério, enquanto única certeza parece ser que direitos humanos ficarão em segundo plano.Nas horas finais que antecedem o encontro histórico com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (11/06) que a cúpula em Cingapura deverá ser "bastante interessante".
Como a reunião de fato será, no entanto, ainda é um mistério. Sabe-se que ela começará com um aperto de mão no início da manhã (horário local) desta terça, num hotel de luxo na ilha de Sentosa. Sua duração, formato e conteúdo seguem desconhecidos.
Segundo uma fonte do governo americano, a primeira parte da cúpula seria diretamente entre os dois líderes, na presença apenas de tradutores. Assessores, ministros ou conselheiros entrariam na sala apenas quando Trump e Kim autorizassem.
Mas, até a tarde desta segunda, as informações eram de que Kim Jong-un deixaria Cingapura e voltaria para a Coreia do Norte já na tarde de terça, o que deixaria pouco tempo para negociações.
As negociações em si são outro ponto de incerteza: ainda não há qualquer indicação de como um acordo entre as duas partes seria - se é que será alcançado. No centro da agenda, dizem os americanos, está a questão nuclear.
Trump demonstrou otimismo durante encontro com o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, "Teremos uma reunião bastante interessante, acho que as coisas se desenrolarão muito bem", disse o americano.
"É ótimo estar em Cingapura, a animação está no ar!", disse Trump no Twitter, pouco antes de se reunir com Lee, a quem agradeceu por receber a reunião de cúpula e pela "hospitalidade, profissionalismo e amizade".
Ao mesmo tempo, no hotel Ritz Carlton, autoridades americanas e norte-coreanas diziam negociar intensamente para destravar algumas questões e abrir o caminho para que possa haver progressos.
As duas equipes buscavam delinear objetivos específicos que possam ser atingidos por Trump e Kim. Com a questão dos direitos humanos possivelmente em segundo plano, o desarmamento nuclear norte-coreano deve ser tema central da reunião de cúpula.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que os EUA defendem o desarmamento nuclear total na Península da Coreia. Segundo ele, os EUA vão insistir no avanço da "desnuclearização verificável e irreversível" da região. Pyongyang, por sua vez, defende que esse processo ocorra de forma gradual.
A Coreia do Norte já afirmou que aceitará se desfazer de seu arsenal nuclear, desde que os EUA forneçam garantias de segurança confiáveis, além de outros benefícios ao país. Existem, porém, sérias dúvidas quanto às intenções de Pyongyang, levando em conta os altos investimentos norte-coreanos na elaboração do programa nuclear, considerado fundamental para garantir a longevidade do regime.
Os encontros preparatórios servem para que os dois lados possam se conhecer melhor, após décadas de contatos escassos entre os dois países. A Coreia do Norte avalia individualmente todos os funcionários americanos envolvidos na cúpula, inclusive fotógrafos, tradutores, e funcionários de logística, questionando se alguns deles não seriam espiões.
Trump e Kim, que chegaram a Cingapura neste domingo, estão hospedados em hotéis de luxo cercados de grandes aparatos de segurança. O americano está no hotel Shangri-la, enquanto o norte-coreano se encontra a poucos metros de distância, no hotel St. Regis.
"O mundo inteiro assiste a essa cúpula histórica", disse Kim ao se reunir com o primeiro-ministro Lee. O jornal estatal norte-coreano Rodong Sinmun informou que o líder norte-coreano viajou a Cingapura para "estabelecer um novo relacionamento que se adapte às exigências de mudança nessa nova era".
Segundo o diário, "opiniões amplas e aprofundadas" serão trocadas entre os dois líderes para "estabelecer um regime permanente e pacífico na Península da Coreia e resolver questões de preocupação em comum, inclusive para o avanço da desnuclearização da região".
"Mesmo se um país manteve relações hostis conosco no passado, nossa atitude será de que, se essa nação respeitar nossa autonomia [...] buscaremos então a normalização através do diálogo", disse o Rodong Sinmun.
RC/ap/dpa/afp/rtr/ots
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