Venezuela informa que pedirá prisão de Milei; Argentina responde: "não temos medo"

Promotor do Ministério Público venezuelano, Tarek William Saab, alega que pedido seria por entrega aos Estados Unidos de uma aeronave da Emtrasur, empresa estatal venezuelana

19 set 2024 - 10h55

O Ministério Público da Venezuela solicitou a prisão de Javier Milei, da irmã e secretária geral do presidente argentino, Karina Milei, e da ministra argentina da Segurança, Patricia Bullrich nesta quarta-feira (18), pela entrega aos Estados Unidos de uma aeronave da Emtrasur, empresa estatal venezuelana.

Javier Milei, presidente da Argentina
Javier Milei, presidente da Argentina
Foto: Reprodução/Instagram / Perfil Brasil

Em um pronunciamento, o promotor do Ministério Público venezuelano, Tarek William Saab, disse que dois promotores foram designados para iniciar os processos de emissão das ordens de prisão. A aeronave, que foi enviada para os EUA, acabou destruída em fevereiro deste ano.

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Os norte-americanos alegam que o Boeing pertenceu anteriormente à Mahan Air, uma companhia aérea iraniana sancionada por supostas ligações com a Força Quds da Guarda Revolucionária Iraniana, considerada uma "organização terrorista" pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

A Venezuela acusou tanto a Argentina quanto os Estados Unidos de promoverem um "roubo descarado" da aeronave. Em represália, a Venezuela proibiu que aviões de companhias argentinas sobrevoassem seu espaço aéreo. Além disso, Saab declarou que uma investigação sobre a possível violação de direitos humanos na Argentina será iniciada.

O que dizem as autoridades da Argentina?

Em comunicado oficial, a chancelaria argentina repudiou as ordens de prisão, alegando que a entrega do avião foi resultado de uma decisão judicial. "O mencionado caso foi decidido pelo Poder Judiciário, poder independente sobre o qual o Executivo não pode nem deve ter influência nenhuma, aplicando um acordo internacional", afirmou a nota.

"O governo argentino lembra ao regime venezuelano que na Argentina impera a divisão de poderes e a independência dos juízes, algo que infelizmente não acontece na Venezuela sob o regime de Nicolás Maduro", acrescentou o comunicado .

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Diana Mondino, ministra das Relações Exteriores da Argentina, caracterizou o pedido de prisão como "covarde" em uma postagem na rede social X (antigo Twitter). Mondino expressou "apoio absoluto" a Javier Milei, Karina Milei e Patricia Bullrich, destacando que "Maduro novamente demonstra que é um tirano e que nós estamos do lado correto da história. Não temos medo".

Contexto político

O episódio ocorre uma semana após a Argentina pedir ao Tribunal Penal Internacional (TPI) a emissão de ordens de prisão contra Nicolás Maduro e outros integrantes do governo venezuelano. A justificativa foi o "agravamento da situação" na Venezuela e a prática de "novos atos que podem ser considerados crimes contra a humanidade".

Na terça-feira (17), a Justiça Federal da Argentina ouviu depoimentos de supostas vítimas de crimes contra a humanidade na Venezuela, como parte de uma investigação sobre violações de direitos humanos no país. Patricia Bullrich, ministra da Segurança da Argentina, estava presente na audiência.

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