A vereadora gaúcha Luirce Paz (Podemos), da cidade de Cruz Alta, registrou boletim de ocorrência no final da última semana após sofrer assédio sexual. A parlamentar, que também é presidente estadual e vice-presidente nacional do Podemos Mulher, recebeu através do aplicativo de mensagens WhatsApp um vídeo no qual um homem aparece se masturbando e ejaculando sobre uma foto sua. O caso ganhou repercussão depois que Luirce divulgou o assédio nas redes sociais e se disse vítima de violência de gênero na política.
A denúncia foi encaminhada ao Departamento de Crimes Cibernéticos, em Porto Alegre. Luirce também afirmou que um especialista em crimes virtuais já está trabalhando junto com a sua equipe para buscar o autor da gravação.
A parlamentar, que é pré-candidata a deputada estadual, afirma que, durante uma transmissão ao vivo realizada no dia 24 de maio, na qual ela denunciava supostos descasos na saúde pública do município, pediu à comunidade que enviasse suas demandas. O número do telefone da vereadora é divulgado em suas redes sociais. Na noite seguinte, ela recebeu o vídeo, que veio acompanhado da legenda: "Também tenho uma reclamação a fazer".
No curso de seu segundo mandato como vereadora, Luirce afirma que a foto usada no vídeo é antiga e foi publicada nas redes sociais como conteúdo temporário. O suspeito teria manipulado o arquivo original, impresso o material em uma folha A4 e realizado a gravação, segundo a parlamentar.
"Me senti na obrigação de falar, as mulheres no Brasil não têm um dia de paz", afirmou Luirce, que denunciou o assédio nas suas redes sociais. Além de comentários jocosos por parte de alguns usuários, ela lamenta a falta de apoio de colegas da política e da comunidade local. "Com relação aos vereadores, poucos me falaram, e a prefeita até agora não se manifestou por causa de partido", disse. A cidade de Cruz Alta conta com 15 vereadores, dos quais apenas quatro são mulheres.
Apesar disso, ela aponta o apoio e o acolhimento que vem recebendo de diferentes partes do País: "Nós não estamos sozinhas, nós estamos em busca de encontrar o nosso espaço. Vou seguir sendo a voz das mulheres que gritam em silêncio".
Por meio de nota, a presidente nacional do Podemos Mulher, Márcia Pinheiro, se solidarizou com Luirce e classificou o episódio como "inadmissível, machista e misógino". O texto afirma ainda que "ser mulher no Brasil é viver diariamente sofrendo violências de cunho sexista", e que o partido "luta pela participação da mulher nos órgãos de poder, pela democracia e pela participação dos cidadãos na política".