Em entrevista publicada nesta quarta-feira (7) pelo jornal alemão Frankfurter Allgemeine, o novo presidente do Grupo Volkswagen, Matthias Müller, disse que a empresa iniciará um massivo recall de veículos em janeiro do ano que vem.
Müller afirmou ainda que a montadora acredita que "somente" 9,5 milhões de carros tenham sido afetados pela fraude de manipulação de emissões de poluentes. "Todos os carros devem estar reparados até o fim de 2016", disse Müller ao jornal.
Especialistas do setor automotivo haviam estimado que a fraude tivesse afetado cerca de 480 mil carros da Volks nos Estados Unidos, e 11 milhões em todo o mundo. O escândalo sacudiu a indústria automobilística, e executivos já levantaram a perspectiva de demissões em massa na Volkswagen, que emprega 600 mil pessoas.
Além de ter de enfrentar responsabilidade criminal e multas na casa dos bilhões de dólares, a empresa já perdeu aproximadamente um terço de seu valor no mercado de ações desde o mês passado, quando o escândalo veio à tona.
Ao Frankfurter Allgemeine, Müller afirmou que em seu entendimento "apenas alguns funcionários" estiveram envolvidos na manipulação do software dos carros movidos a diesel, reiterando o comunicado oficial da montadora, emitido no início desta semana.
O mais alto executivo da Volks nos EUA, Michael Horn, se apresentou nesta semana em Washington para responder a perguntas de parlamentares americanos. O membro da Câmara dos Representantes dos EUA, Tim Murphy, afirmou que os legisladores investigarão a admissão da Volkswagen de ter instalado "dispositivos manipuladores" em carros a diesel que emitiam muito mais poluentes do que o legalmente permitido.
"O povo americano quer saber por que esses dispositivos estavam instalados, como a decisão de instalá-los foi tomada e como eles não foram detectados por tanto tempo", disse Murphy, em comunicado. "E nós iremos buscar essas respostas."
A Volkswagen pode ter de enfrentar penalidades de até 18 bilhões de dólares da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, embora poucos esperem que o fabricante seja condenado a pagar o valor total.
A montadora comunicou que reservou mais de 7 bilhões de dólares para multas, custos para recall de veículos e acordos legais. Há também sinais de que a empresa esteja se movendo para reforçar seu lobby em Washington.
"Normalmente, quando empresas estão tendo problemas, uma das coisas que elas fazem para controlar os danos é intensificar o seu lobby", afirmou o porta-voz do grupo de interesse público Common Cause, Dale Eisman. "Certamente se encaixará no padrão de outras empresas que tiveram episódios embaraçosos com erros corporativos. Aumentam o lobby e fazem de tudo para reparar sua imagem junto aos tomadores de decisão."
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