Procura-se um novo dono para a Troller. Junto com a decisão da Ford em fechar as fábricas de Taubaté (SP) e Camaçari (BA), o comunicado divulgado na última segunda (11) também informa que a planta da Troller em Horizonte (CE) -- a única que produz o T4 -- terá a produção finalizada até o último trimestre de 2021. Desde então, surgiram muitas dúvidas em relação ao futuro da marca brasileira.
Ao contrário das demais fábricas da Ford, que tiveram a produção encerrada imediatamente, a unidade cearense -- que conta com cerca de 470 funcionários e produz em torno de 150 carros por mês -- seguirá funcionando até o fim do ano. No entanto, o comunicado não dá mais detalhes a respeito do que acontecerá com a Troller depois desse período, o que gerou diversas especulações entre os fãs da marca.
Um dos rumores seria de que a decisão da Ford em manter a produção da Troller até o quarto trimestre de 2021 seria justamente para encontrar um novo comprador para a marca brasileira. Essa alternativa iria de encontro com o anúncio da própria montadora, no qual a Ford afirma que “continuará facilitando alternativas possíveis e razoáveis para partes interessadas adquirirem as instalações produtivas disponíveis”.
Dentre as possibilidades para o futuro da Troller, a única viável parece ser a aquisição da marca cearense por outra empresa. Com uma rede de 23 concessionárias e um portfólio que se resume ao jipe T4 -- vendido nas versões XLT e TX4, sempre com câmbio automático -- a Troller não é uma marca de grande volume, atuando apenas no nicho de carros fora-de-estrada. A marca vendeu apenas 1.301 unidades em 2020, segundo a Fenabrave.
Além disso, outro ponto que complica a aquisição da Troller é em relação aos componentes utilizados na fabricação do T4. Lançada em 2015, a atual geração do modelo compartilha a plataforma, motor e várias peças com a picape Ranger, produzida pela Ford na Argentina.
Com a compra da Troller, os novos donos teriam que negociar o fornecimento dessas peças com a Ford, arcando com os custos de importação, o que poderia inviabilizar a produção do SUV, que atualmente é vendido a partir de R$ 173.200. Outra opção para os possíveis novos compradores seria investir em um substituto para o atual T4, utilizando componentes de outras empresas.
Isso não seria uma novidade para a Troller, que chegou a utilizar componentes de Jeep, MWM e Volkswagen antes de ser adquirida pela Ford, em 2007. Esse fator, inclusive, foi o que tornou a manutenção da primeira geração do T4 relativamente simples e barata.
Um eventual novo dono da marca também poderia aproveitar a recente febre dos veículos fora-de-estrada para desenvolver mais o portfólio da Troller, hoje restrito a um só carro. Possíveis versões de duas e quatro portas, além de uma eventual picape -- como a finada Pantanal -- poderiam ampliar a presença e a produção da marca, que já vendeu cerca de 20 mil unidades desde a sua criação em 1995.
Ao longo de 2021, deveremos ter maior clareza quanto ao futuro da Troller. Enquanto isso, ao que tudo indica, a única chance de sobrevivência da marca é através de um novo comprador. Com a torcida de uma legião de fãs e funcionários, será possível manter o sonho da Troller vivo? Isso só o tempo dirá.