Após chuvas, situação do Rio Sena pode adiar provas de triatlo dos Jogos de Paris; entenda

A qualidade da água do Sena vem sendo discutida há alguns meses

29 jul 2024 - 21h04
(atualizado às 23h27)
Chuvas intensas dos últimos dias podem ter afetado a situação. Especialista explica como sistema funciona
Chuvas intensas dos últimos dias podem ter afetado a situação. Especialista explica como sistema funciona
Foto: Reprodução/Reuters

A situação do Rio Sena tem sido alvo de atenção nas Olimpíadas de Paris. Devido às chuvas intensas dos últimos dias, as provas feminina e masculina de natação do triatlo, previstas para terça e quarta-feira, 30 e 31, podem ser adiadas. A confirmação só sairá na manhã de terça, às 4h (horário de Paris), 23h de segunda-feira, 29, no Brasil. 

  • A cobertura dos Jogos de Paris no Terra é um oferecimento de Vale.

A qualidade da água do Sena já vinha sendo discutida há alguns meses, desde que a capital francesa afirmou que estaria se empenhando para despoluir o rio, onde era proibido nadar havia mais de cem anos. Segundo informações da agência de notícias AP News, foram investidos 1,4 bilhão de euros (R$ 7,6 bilhões, na cotação atual) em infraestrutura para fazer a limpeza. 

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Por que as chuvas atrapalham?

De acordo com o Dr. José Carlos Mierzwa, especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental e docente da Universidade de São Paulo (USP), é necessário ressaltar que a poluição do Sena não é por esgoto. 

“Lá eles têm o que chamamos de Sistemas Unitários de coleta de esgoto. Ou seja, envolve a coleta de água da chuva e coleta de esgoto. Então, quando chove pouco, todo esgoto vai para as estações de tratamento. Quando começa a chover mais, a água de chuva passa a ser lançada no rio porque as estações não têm capacidade”, explicou o especialista ao Terra

Ele esclarece que isso dificulta o contato primário como, por exemplo, o mergulho. Outro fator é a poluição vinda da própria cidade. “Chuva traz um problema adicional de poluição da água, principalmente em áreas urbanizadas, onde você tem, no período de seca, deposição atmosférica, principalmente pela emissão dos veículos, emissões industriais, inclusive de áreas agrícolas, por pulverização de defensivos”, detalhou. 

“Durante a seca, toda essa poluição acumula na superfície dos telhados, nas ruas. E, quando chove, ocorre uma lavagem dessa superfície, o que acaba levando para o corpo hídrico uma grande quantidade de poluentes”, diz Mierzwa. 

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Prefeita de Paris, Anne Hidalgo, nadou no rio Sena para provar pureza da água antes das Olimpíadas
Foto: Reprodução/Reuters

Por que o problema continua? 

Mesmo após meses de investimentos, a situação parece se repetir. A explicação para essa questão, segundo Mierzwa, está na tecnologia de tratamento utilizada em Paris. 

“As obras de infraestrutura e saneamento são obras de grande investimento, principalmente a coleta, mas também existe a questão das tecnologias de tratamento que, com o passar do tempo, ficam ultrapassadas. Infelizmente, na área ambiental, não só no Brasil, mas em várias regiões do mundo, as pessoas não acham que inovação tecnológica é relevante para a área de saneamento. Então, isso é o que resulta nesses problemas repetitivos de poluição e do nível limitado, da capacidade limitada de nós recuperarmos a qualidade dos corpos d 'água”, conclui. 

Como ficam as provas? 

É esperado que as provas desta semana ocorram normalmente e que os níveis da água melhorem. Enquanto não podem praticar no Sena, os atletas têm se empenhado nas piscinas. Caso as águas não estejam adequadas, há planos de emergência. Além de adiantar, há também a possibilidade de transformar a prova de um triatlo para um “duplo”, segundo informações do jornal O Globo. 

Fonte: Redação Terra
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