‘Arroz bovino’ cultivado por células pode ser alternativa mais sustentável e barata, dizem cientistas

O grão híbrido é criado a partir do cultivo de músculos animais e células de gordura; entenda o processo

11 abr 2024 - 05h00
Arroz bovino é criado a partir do cultivo de músculos animais e células de gordura
Arroz bovino é criado a partir do cultivo de músculos animais e células de gordura
Foto: Divulgação/Yonsei University

Considerada uma das mais danosas ao meio ambiente, a produção de carne é amplamente criticada ao longo dos anos. Pensando em uma alternativa mais sustentável e barata, pesquisadores sul-coreanos cultivaram células bovinas em grãos de arroz, e consideram esse um grande passo para alcançar uma fonte de proteína ecologicamente correta, que poderia substituir a criação de gado, por exemplo.

“Imagine obter todos os nutrientes de que precisamos a partir de arroz proteico cultivado em células”, diz Sohyeon Park em um comunicado à imprensa quando o estudo foi publicado na revista Matter.

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Park conduziu a pesquisa sob a orientação do autor correspondente Jinkee Hong, na Universidade Yonsei, na Coreia do Sul. “O arroz já tem um alto nível de nutrientes, mas adicionar células de gado pode aumentá-lo ainda mais”, reforça. 

Mas, afinal, o que é o arroz bovino?

O experimento híbrido, que eles chamam de beef rice (arroz bovino, em tradução livre), é feito do cultivo de músculos animais e células de gordura dentro dos grãos de arroz. O método resulta em um alimento nutritivo e saboroso que poderá oferecer uma alternativa proteica mais acessível e com menor emissão de carbono, caso seja colocado no mercado.

Para realizar o cultivo, os cientistas imitaram o ambiente celular das estruturas biológicas dos animais usando o arroz, que tem grãos porosos e estruturas organizadas. Isso proporciona uma estrutura sólida para abrigar células de origem animal, e algumas moléculas do grão também podem nutrir e promover o crescimento delas, tornando o arroz uma plataforma ideal.

Como começaram os testes

De acordo com a Eureka Alert, o grupo começou o estudo cobrindo o arroz com gelatina de peixe, considerado um ingrediente seguro e comestível que ajuda as células a aderirem melhor ao arroz. Em seguida, células-tronco de músculo e gordura de vaca foram então semeadas no arroz e deixadas para cultura em placa de Petri entre nove e 11 dias. 

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Foi observado que o produto final é um arroz proteico com ingredientes principais que atendem aos requisitos de segurança alimentar e apresentam baixo risco de desencadear alergias alimentares.

Foi comprovado pela equipe que o arroz híbrido tem 8% mais proteína e 7% mais gordura do que o arroz normal. O grão também é mais firme e quebradiço que o tradicional.

Já com relação à emissão de carbono, foi observado que é significativamente menor por uma fração do preço. Para cada 100 g de proteína produzida, estima-se que o arroz híbrido libere menos de 6,27 kg de CO2 , enquanto a carne bovina libera 49,89 kg. 

“Normalmente obtemos a proteína que necessitamos da pecuária, mas a produção pecuária consome muitos recursos e água e liberta muitos gases com efeito de estufa”, diz Park.

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Valor?

Caso vá para as prateleiras, o arroz híbrido poderá custar cerca de US$ 2,23 o quilo (pouco mais de R$ 11), enquanto a carne bovina custa US$ 14,88 (quase R$ 74,50). “Agora vejo um mundo de possibilidades para este alimento híbrido à base de grãos. Poderia um dia servir como ajuda alimentar para a fome, ração militar ou até mesmo comida espacial”, finaliza Park. 

Fonte: Redação Terra
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