Trabalhando como catadora de resíduos recicláveis desde seus 15 anos de idade, Litz Gouvea, 29, é conhecida nas redes sociais como Barbie Lixeira.
Em entrevista por vídeo (assista acima), a profissional de gestão de resíduos conta que entrou para essa atividade por necessidade financeira. Ela começou acompanhando o pai, que também é catador, nas ruas e, cerca de um ano depois, passou a separar os recicláveis de um conjunto de condomínios, na região Sul de São Paulo (SP), por onde ficou por mais de 10 anos.
“Houve uma queda nos preços dos materiais e o valor ficou muito baixo. O que a gente pegava no condomínio não conseguia mais pagar as minhas contas e as do meu pai”, explica a catadora, que decidiu atuar em outras regiões e em outros projetos.
Atualmente, Litz pega os materiais na rua, separa no ferro-velho e também trabalha junto a duas empresas, a Regera e a Kombosa Seletiva. “No audiovisual tem rolado ‘sets sustentáveis’. Então, sou contratada para fazer a gestão de resíduos das filmagens”, explica. “Trabalhar com as empresas é uma ótima oportunidade para mostrar para as pessoas que todo local precisa desse serviço”.
Redes sociais
“Eu gosto muito de ler e sempre estudei muito por conta própria, mas queria entender melhor como as coisas funcionavam. Então, fiz um curso técnico de meio ambiente para complementar a parte prática, que eu já tinha bastante experiência”, diz Litz.
A partir dos estudos, a catadora sentiu necessidade de compartilhar o seu conhecimento e de divulgar o seu trabalho nas redes sociais: “Eu entrava no Instagram e via tanta bobagem, fofoca, tanta coisa desnecessária”.
Hoje ela acumula mais de 15 mil seguidores, que acompanham o seu dia a dia como agente ambiental e o seu conteúdo sobre sustentabilidade e veganismo. Litz explica que produz os seus posts com o propósito de ensinar, de inspirar e de tentar melhorar a vida das pessoas. “Fazer o básico, que é separar os resíduos, a maioria das pessoas não faz. É preciso que o coletivo entenda que pequenas atitudes fazem a diferença”, diz a catadora que também dá palestras sobre sustentabilidade.
Veganismo
“Quando eu tinha seis anos de idade, tive um grande trauma. Meu pai tinha uma criação de codornas em casa e uma vez o vi degolando uma delas. Eu fiquei chocada”, lembra ela que, antes desse episódio era uma criança “serelepe”, mas, depois, perdeu a alegria.
Foi na escola que Litz aprendeu de onde vinha a carne, o leite e os ovos e, mais uma vez, conta que ficou “horrorizada” e perdeu a vontade de comer produtos de origem animal. Aos 12 anos, decidiu ser vegana e, desde então, se alimenta somente com verduras, frutas, grãos e leguminosas.
“Se na minha situação eu consigo fazer alguma coisa, quem está em situações melhores também consegue fazer”, finaliza.
Assista ao vídeo da entrevista acima.