We’e’na é uma influenciadora, ativista, estilista, cantora e empreendedora que nasceu na terra do povo Tikuna — a maior população indígena do Brasil — no rio Alto Solimões, no estado do Amazonas. Ela tem quase 2 milhões de seguidores no Facebook, 500 mil no TikTok, 200 mil no Instagram e 100 mil no YouTube, somando quase 3 milhões de pessoas que acompanham o seu conteúdo na internet.
Em entrevista a Planeta (assista ao vídeo acima), ela conta que seu primeiro contato com computador foi em 2006, quando professores da Universidade do Amazonas levaram equipamentos para a sua comunidade aprender a mexer.
A partir desse momento, ela criou sua primeira conta de e-mail e passou a usar a antiga rede social Orkut para se comunicar com as pessoas. Alguns anos depois, entrou para o Facebook: “Eu pintava tudo o que acontecia dentro da minha aldeia e comecei a publicar”.
A influenciadora, então, começou a ganhar cada vez mais seguidores e sentiu a necessidade de falar mais sobre a sua cultura, para que pessoas de outros estados pudessem conhecer mais de perto as pinturas, cânticos e rituais de seu povo. “As pessoas começaram a gostar do meu conteúdo e a me sugerir pautas, queriam saber mais sobre ervas, simbologia das pinturas corporais e casamento. Daí, comecei a criar vídeos contando um pouco da nossa história”, diz.
Hoje, We’e’na é convidada para dar palestras em universidades, escolas, no TEDx Talks e, inclusive, no Rio +20, uma conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável. Ela também tem uma marca de moda e já realizou publicidades para grandes empresas como Natura, Boticário, Panasonic e Netflix.
Conscientização
O conteúdo de We’e’na mostra o dia a dia junto a sua família. Ela conta que um dos seus principais objetivos nas redes sociais é quebrar o elo do preconceito e conscientizar o público sobre a cultura indígena por meio de uma pessoa indígena. “Por muito tempo fomos tutelados por terceiros. Como não falávamos a língua do homem branco, isso dificultou bastante o conhecimento e trouxe falta de comunicação”.
“São 523 anos de resistência dos povos indígenas e, hoje, o caminho está se abrindo para nós. Depois de muito insistirmos, lutarmos e brigarmos por esse espaço”, explica.
Meio ambiente
Outro objetivo de sua comunicação está trazer luz sobre a causa ambiental. “Quando se fala sobre povos originários, se fala sobre a natureza. Quem mais [deveria falar sobre meio ambiente] além de nós indígenas, que somos conhecidos como os guardiões da floresta? O indígena cuida da natureza”, afirma We’e’na, que lamenta a falta de consciência ambiental pelo restante da população.
A influenciadora explica que, para eles, a floresta é sagrada e, devido ao desrespeito com a natureza e as consequências sentidas com as mudanças climáticas, a “a floresta chora”. Ela complementa: “Sem a floresta, sem os rios, nós não existimos. Queremos conscientizar as pessoas que a fruta, o alimento que todos comemos, que nos dá energia, vem da terra”.
Assista ao vídeo da entrevista acima.